Desorientado e inepto, governo Bolsonaro lança plano de vacinação contra Covid-19, mas não define datas

 
Que Jair Bolsonaro é um despreparado que acredita ser o último dos gênios todos sabem, mas sua desfaçatez ao abordar os mais distintos temas chega a ser nauseante. Depois de seguidas, duras e rasteiras críticas à Coronavac, Bolsonaro abusa da dissimulação ao aceitar passivamente o plano de vacinação contra a Covid-19 que inclui o imunizante produzido pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.

No dia 10 de novembro, em mensagem publicada em rede social, Bolsoanro comemorou a decisão da aparelhada Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de suspender temporariamente os testes clínicos da Coronavac no Brasil em razão da morte de um voluntário. O Palácio do Planalto usou exaustivamente o fato para atacar o governador de São Paulo, Joao Dória Júnior (PSDB), mas acabou passando vergonha quando foi revelado pelas autoridades policiais paulistas que o voluntário havia cometido suicídio.

“Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu em rede social.

Coronavac na lista

A postura de Bolsonaro como chefe de Estado é tão deplorável, que causa vergonha em qualquer brasileiro dotado de doses rasas de bom-senso. Se há um perdedor nessa insana guerra política no campo da vacinação, esse certamente é Bolsonaro, que foi obrigado a aceitar a inclusão da Coronavac no plano de vacinação contra a doença provocada pelo novo coronavírus.

O governo pretende vacinar na primeira fase da campanha 51 milhões de pessoas, que receberão 108,3 milhões de doses, já que a eficácia da maioria dos imunizantes exige duas doses, aplicadas com intervalo médio de três semanas. Calcula-se que aproximadamente 5% das doses sejam perdidas durante o transporte ou a aplicação. Segundo o plano, a campanha de vacinação deve durar 16 meses – quatro para a imunização dos grupos prioritários e mais 12 para a população em geral.

De acordo com a estratégia do governo federal, que não traz qualquer novidade, a vacinação será disponibilizada inicialmente aos grupos considerados vulneráveis, como os idosos e profissionais de saúde.

 
Matéria relacionada
. Mitômano e dissimulado, Bolsonaro diz em evento palaciano que a Covid-19 sempre foi motivo de preocupação

A Coronavac, que não constava no plano original do governo por razões político-ideológicas, foi incluída pelo Ministério da Saúde na lista chamada de “adesão do Brasil às vacinas”, que inclui os imunizantes da AstraZeneca (desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford), Pfizer-Biontech, Moderna e Janssen.

Também consta na lista a iniciativa Covax Facility, consórcio internacional liderado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que visa garantir a distribuição global da vacina. Nesse cenário liderado pela OMS é importante ressaltar que os países mais ricos já compraram ou reservaram 51% das vacinas disponíveis, ou seja, mais metade dos imunizantes produzidos até então ou em fase de produção será destinada a 14% da população global.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, explicou que as vacinas serão enviadas com a supervisão das Forças Armadas aos governos estaduais, que por sua vez serão responsáveis pela distribuição aos municípios.

Contudo, Pazuello se recusou a informar uma provável data para o início da vacinação contra a Covid-19, mas disse que poderá ocorrer em meados de fevereiro. Na terça-feira (15), o ministro informou ao Supremo Tribunal Federal (STF), mais precisamente o ministro Ricardo Lewandowski, que a vacinação começará cinco dias após a Anvisa autorizar o registro dos imunizantes.

Ora, se até o momento nenhuma farmacêutica solicitou à Anvisa o registro emergencial ou definitivo de vacinas, não há como afirmar que a imunização da população começará possivelmente em fevereiro. Ou seja, Eduardo Pazuello, foi infectado pelo vírus do “achismo”.

Sobre o termo de responsabilidade para pessoas que queiram ser vacinadas, absurdo monumental e antiético sugerido pelo presidente da República, o ministro da Saúde disse que tal exigência valerá para vacinas aprovadas em caráter emergencial. Em outras palavras, o desgoverno Bolsonaro continua sem rumo e mudando os discursos de acordo com o surgimento de polêmicas.

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.