Atriz pornô diz em depoimento que desmaiou antes de sexo com Trump e acordou nua

 
O universo político não tem espaço para a coerência e o bom-senso. É o que afirmamos desde a primeira edição do UCHO.INFO, há mais de vinte anos. Contudo, o que a política global tem mostrado é inacreditável, apesar de muitos normalizarem o absurdo.

No Brasil, o golpista Jair Bolsonaro, que fracassou solenemente na tentativa de implantar um regime totalitário disfarçado de democracia, é tratado como herói por uma parcela da população, que continua acreditando na possibilidade de um golpe de Estado. Nos Estados Unidos, Donald Trump, que incentivou sua horda de apoiadores a invadir o Congresso após a derrota para Joe Biden, aparece bem colocado nas pesquisas sobre a corrida à Casa Branca.

Como se não bastasse, Trump é alvo de quatro ações criminais, mas a legislação americana não impede sua candidatura e tampouco a posse, caso seja eleito. Entre os processos a que responde, Trump tem na contramão, na condição de testemunha de acusação, a atriz pornô Stephanie Gregory Clifford, conhecida como Stormy Daniels. O depoimento, prestado na terça-feira (7), foi o mais esperado até aqui do caso que pode levar o ex-presidente à prisão.

A Promotoria acusa Donald Trump de fraude ao encobrir um pagamento de US$ 130 mil (equivalente a R$ 660 mil), durante a campanha presidencial de 2016, para silenciar Daniels sobre suposto caso extraconjugal.

No tribunal em Nova York, Stormy Daniels detalhou o encontro sexual com Trump. Ela afirmou que o republicano a impediu de sair do quarto em que estavam. Depois, disse ter desmaiado, mesmo sem ter consumido álcool ou drogas. “[Quando acordei] eu estava olhando para o teto e não sabia como tinha chegado lá. Eu estava tentando pensar em qualquer coisa que não fosse o que estava acontecendo.”

Trump, por sua vez, nega ter feito sexo com a atriz. Ele alega que Daniel estava interessada em um papel no programa de televisão “O Aprendiz”.

A defesa do ex-presidente solicitou a anulação do julgamento, alegando que o depoimento de Daniels é irrelevante para o caso e que servia apenas para inflamar o júri. Porém, o juiz Juan Merchan rejeitou o pedido, embora tenha admitido que o testemunho tenha sido “difícil de controlar” pois, em alguns momentos, ela não se ateve ao que era perguntado.


 

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Daniels começou seu relato contando brevemente sua biografia: criada em Baton Rouge, no estado da Louisiana, disse que queria ser veterinária. Afirmou ainda que teve uma infância difícil e que seus pais se separaram quando ela era nova e tinham pouco dinheiro. Depois, passou a trabalhar com pornografia.

Em seguida, a atriz descreveu o torneio de golfe em Lake Tahoe, onde teria conhecido Trump em 2006. A testemunha disse ter sido abordada por Keith Schiller, ex-segurança do bilionário, que a teria convidado para um jantar na suíte do hotel em que o republicano estava hospedado. Ela afirmou que, inicialmente, recusou a proposta. “Eu sabia que ele era mais velho, provavelmente mais velho que meu pai.” Mesmo assim, acabou aceitando o convite.

A atriz descreveu em detalhes a suíte de Trump, que seria “três vezes maior do que o seu apartamento” à época. Daniel disse que, durante o encontro, foi ao banheiro e ao voltar deparou-se com Trump deitado na cama só de cueca e de camiseta. “Fiquei surpresa”, disse ela. “Eu não esperava que alguém estivesse lá, principalmente sem muitas roupas. A intenção era bastante clara.”

Pouco depois, Daniels disse ter desmaiado. Sobre o ato sexual, ela disse que Trump não usou camisinha e que ocorreu na “posição papai e mamãe”. Em seguida, ela disse que saiu rapidamente do quarto sem dizer “absolutamente nada”.

Enquanto Daniels testemunhava, Trump sussurrava constantemente para seu advogado Todd Blanche, de acordo com relatos de jornalistas de veículos americanos presentes no tribunal – o julgamento não é televisionado. O republicano não demonstrou reações visíveis ao depoimento, inclusive quando a atriz foi orientada a reconhecer e apontar o réu.

O então advogado do republicano, Michael Cohen, hoje rompido com Trump e provável testemunha de acusação, já afirmou anteriormente que seu antigo cliente o instruiu a pagar uma quantia a Daniels para comprar seu silêncio da atriz sobre o encontro.


 
O promotor Alvin Bragg, de Manhattan, afirma que Trump cometeu fraude ao inserir na contabilidade de sua empresa imobiliária os pagamentos a Cohen, em 2017, como despesas legais. Para Bragg, a manobra serviu para encobrir um esquema ilegal. O objetivo seria o de influenciar a eleição de 2016, ao comprar o silêncio de pessoas com informações potencialmente prejudiciais à campanha.

Haveria, segundo a acusação, outras pessoas cujo silêncio teria sido comprado, na esteira de pagamentos “maquiados”. Os promotores mostraram que a assinatura do ex-presidente estava nos registros das transações.

Em 2018, Cohen se declarou culpado por violar a lei federal de financiamento de campanhas por causa do pagamento a Daniels. Ele testemunhou que Trump também o instruiu a fazer o procedimento.

Na segunda-feira (6), os jurados viram os 34 registros financeiros que os promotores dizem ter sido falsificados por Trump para encobrir seu reembolso a Cohen. O republicano afirma ser inocente.

Stormy Daniels, de 45 anos, disse que teve relações sexuais com Trump, 77, quando ele já era casado com a atual esposa, Melania. A atriz declarou que sua vida ingressou na seara do caos após o encontro vir a público. “Meu marido faz perguntas. Meus amigos fazem perguntas”, disse ela, acrescentando ter sido “condenada ao ostracismo”.


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