O populismo barato do presidente Jair Bolsonaro chega a ser nauseante. Antes de afirmar que se em 2022 as eleições não contarem com voto impresso o Brasil enfrentaria problema muito pior do que nos Estados Unidos, que há dias teve o Capitólio invadido por apoiadores de Donald Trump, Bolsonaro já acenava na direção dos militares, com o claro objetivo de testar as instituições brasileiras.
Durante cerimônia de formatura de policiais militares no Rio de Janeiro, dias atrás, Bolsonaro rasgou elogios aos formandos e afirmou que a imprensa sempre estará contra eles. Foi mais um ataque gratuito e descabido à imprensa, que, cumprindo o papel que lhe cabe, noticia os desvarios do presidente da República.
A mais recente bizarrice de Bolsonaro envolve a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp), maior central de abastecimento de alimentos da América Latina. Em vídeo postado na segunda-feira (11) nas redes sociais pela deputada estadual Letícia Aguiar (PSL-SP), Bolsonaro prometeu desconto de 20% para os policiais militares que comprarem alimentos na Ceagesp.
No vídeo, o presidente da República afirma que os permissionários da Ceagesp aceitaram a ideia, mas não revelou a forma de financiamento do desconto. Segundo Bolsonaro, policiais fardados e armados terão direito à bonificação.
A proposta foi anunciada por Bolsonaro no último sábado (9), enquanto conversava com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada. “O policial militar de São Paulo pode comprar agora na Ceagesp, fardado ou com documento, aquilo que ele quiser comprar para sua mesa com desconto de 20%. Sugestão do coronel Mello Araújo, o presidente, acolhida pelos permissionários”, declarou o presidente.
A Ceagesp informou em nota que a proposta de descontos “não é uma imposição a ninguém”. “Os descontos só serão válidos nos varejões da capital e nas barracas identificadas, pertencentes aos comerciantes que decidiram oferecer”, destaca a nota.
“O desconto nas compras é uma forma de agradecer pela ajuda que o entreposto da capital tem recebido. Uma maneira de ajudar quem muito tem nos ajudado com a segurança do local”, completa o comunicado da Ceagesp, cujo presidente é Ricardo Mello Araújo, coronel da reserva da Polícia Militar paulista e responsável por formular o pedido aos permissionários.
De acordo com informações da direção do órgão, o desconto será arcado pelos permissionários, como se os comerciantes fossem obrigados a financiar o devaneio de Bolsonaro. Em suma, essa política de descontos é uma coação disfarçada de bom-mocismo oficial.
Quem conhece as entranhas da Ceagesp sabe que o permissionário que não aderir à política de descontos enfrentará dificuldades em algum eventual pleito junto à direção do órgão.
O incompetente Jair Bolsonaro, que nada tem a entregar à população e por isso precisa cada vez mais do apoio das forças de segurança, quer fazer cortesia com o chapéu alheio. É importante que os brasileiros de bem fiquem atentos a essas manobras populistas e ditatoriais, pois o retorno à democracia custou muito caro ao País.
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