Asfixia nacional

(*) Gisele Leite

Enfim, estamos numa república da América Latina, sem oxigênio, sem vacina contra Covid-19 e sem governo. O total desprovimento da Presidência da República, do Ministério da Saúde espanta até os mais alentados seguidores do bolsonarismo. Alcunhados de bolsominions.

Vivemos num Brasil sufocado, asfixiado pela polarização estúpida e pela torpeza do negacionismo. Tem razão o Papa Francisco quando chamou o negacionismo de suicida. Tantos outros Presidentes da República dando o exemplo explícito e tomando a vacina. Enquanto que o ex-capitão afirma que quem se vacinar irá se tornar jacaré. E ainda faz propaganda indevida de medicamentos que cientificamente não foi comprovado ser adequado para o combate ao coronavírus.

A declaração do Chefe do Executivo foi lastimável. Principalmente quando alega que fez o possível para ajudar o Estado do Amazonas. O Sistema de Saúde de Manaus está em colapso com expressiva progressão dos casos de Covid-19. Todos os hospitais de Manaus estão sem oxigênio e os pacientes sendo enviados para outros Estados.

Ocorreu total falta de planejamento logístico, não obstante, o general que é atual Ministro da Saúde tem em seu curriculum indicações de que tem experiência farta em logística.

Enfim, mais uma tragédia anunciada conforme aduziu o Presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Amazonas, pois desde o início foi sinalizado que isso era possível de acontecer. Só nos resta amargar mais essa tristeza, Manaus se transformou na capital mundial da Covid-19, e o lockdown é única alternativa plausível.

A OMS alertou que a implosão de casos de coronavírus é resultante da ausência de distanciamento social. E a crise, não apenas em Manaus, sendo igualmente identificada no Amapá e Rondônia.

No caso específico de Manaus, Jamil Chade (Colunista do UOL) alerta que existe risco real de que a onda de contaminação e morte seja superior a que ocorreu em abril de 2020. Acima de 4 mil novos casos são registrados por dia, além de 50 mortes e 2 mil pessoas hospitalizadas. Segundo o representante da OMS, o exponencial avanço do coronavírus pelo Mercosul provavelmente fora conduzido pelo comportamento (das pessoas) pelo maior contato entre pessoas, menor distanciamento social e fadiga.

A pandemia não acabou, não podemos descuidar dos cuidados sanitários importantes, como andar de máscara, higienizar as mãos com álcool gel e manter o distanciamento social. E, se possível manter-se em isolamento social. Quanto a expectativa das vacinas acredito mesmo que somente em 2022. Porque, infelizmente, no atual calendário e na agenda da ANVISA não há o dia D e nem a hora H.

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

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