O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a intimação do ainda ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, e do advogado-geral da União, José Levi Mello do Amaral Júnior, para que apresentem o “cronograma correspondente às distintas fases da imunização”, em versão atualizada, já que a Anvisa autorizou o uso emergencial de duas vacinas (Coronavac e AstraZeneca).
A revisão do “plano nacional de operacionalização da vacina contra a Covid-19” já estava prevista, destacou Lewandowski em despacho desta segunda-feira (18). A decisão do magistrado foi tomada no âmbito de ação movida por cinco partidos políticos: PT, PSB, Cidadania, PCdoB e PSOL.
Em 15 de dezembro passado, o governo, em mais uma atitude marcada pela embromação, enviou ao Supremo um plano de imunização sem datas definidas para a imunização contra a doença causada pelo novo coronavírus.
Exibindo inegável irritação durante coletiva de imprensa concedida no domingo (17), após a Anvisa autorizar o uso das duas vacinas, Pazuello anunciou que a vacinação em nível nacional começaria na próxima quarta-feira (20), mas pressionado pelos governadores antecipou o processo para esta segunda-feira.
O general e dublê de ministro participou, na manhã desta segunda-feira, de ato com governadores para marcar o início da distribuição da vacina no Centro de Distribuição Logística do Ministério da Saúde, em Guarulhos, na Grande São Paulo.
De acordo com informações da pasta, das 6 milhões de doses entregues pelo Instituto Butantan, de 42% são destinados ao Sudeste. O Nordeste receberá 24%, enquanto as regiões Sul e Norte serão contempladas com13% e 12% dos imunizantes, respectivamente. Para o Centro-Oeste serão 9% das doses da Coronavac.
Especialista em logística que não entende do assunto
Ao longo da madrugada desta segunda-feira, o Ministério da Saúde alterou várias vezes os horários dos voos que levariam vacinas a todos os estados da federação, como forma de garantir o início do processo de imunização.
Com as mudanças, alguns estados receberão a Coronavac somente no começo da noite, o que derruba o plano do Palácio do Planalto de reconquistar um pouco do terreno perdido para o governador João Dória Júnior (PSDB), que iniciou a vacinação no domingo, após a aprovação da Anvisa.
Para que o leitor consiga avaliar a extensão do absurdo protagonizado pelo Ministério da Saúde, o Rio de Janeiro, que fica a 35 minutos de voo de Guarulhos, receberá as vacinas somente na madrugada de terça-feira (19). Isso obrigou o governador em exercício do RJ, Cláudio Castro, a cancelar entrevista coletiva que seria concedida para marcar o início da vacinação no território fluminense.
Até as 15 horas desta segunda-feira, apenas os estados de Goiás e Santa Catarina e o Distrito Federal haviam recebido as vacinas enviadas pelo confuso e ineficaz Ministério da Saúde. Isso porque general Eduardo Pazuello, que ascendeu ao posto de ministro porque, além de cumprir as ordens obtusas de Bolsonaro sem delongas, é especialista em logística.
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