Covarde, Eduardo Pazuello muda o discurso e substitui “tratamento precoce” por “atendimento precoce”

 
Se há na política brasileira algo nauseante, a covardia da extensa maioria dos homens públicos puxa a fila. No escopo do governo de Jair Bolsonaro, a covardia surge de braços dados com a dissimulação, cena que só é possível por causa da falta de memória da população.

A Covid-19 vem fazendo descomunal estrago no Amazonas, em especial na capital Manaus, em virtude de os produtores de gases medicinais não terem capacidade de atender à demanda dos hospitais locais por oxigênio. Apesar dessa dura e anunciada tragédia, o governo federal tenta fugir à responsabilidade, mesmo tendo sido comunicado com dias de antecedência sobre o colapso no sistema médico-hospitalar manauara.

Na última segunda-feira (11), dias antes de mortes ocorrerem em Manaus por falta de oxigênio nos hospitais, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, visitou a capital amazonense em missão oficial e aproveitou para tentar convencer os médicos do sistema público de saúde em relação ao que o Palácio do Planalto decidiu chamar de tratamento precoce.

Ciente de que Manaus estava à beira do colapso em razão da falta de oxigênio, Pazuello preferiu defender junto aos profissionais de saúde o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19. Na opinião tosca do presidente Jair Bolsonaro, que não se cansa de destilar negacionismo criminoso e irresponsabilidade genocida, medicamentos como cloroquina, azitromicina e ivermectina não causam efeitos colaterais. Ignaro na extensa maioria dos assuntos, Bolsonaro deveria saber que qualquer medicamento, por menos agressivo que seja, provoca efeitos colaterais.

 
Nesta segunda-feira (18), em entrevista coletiva concedida no Ministério da Saúde, o general Eduardo Pazuello, acompanhado do governador do Amazonas, mostrou ao País como ser um covarde contumaz. Sem fugir à expectativa, Pazuello usou a mentira e a dissimulação em seu favor.

O ainda ministro da Saúde, em sua fala inepta, disse que todo cidadão que apresentar sintomas relacionados à Covid-19 deve procurar imediatamente uma unidade de saúde, onde o médico fará um “atendimento precoce”. Ou seja, o tratamento precoce, alvo de inúmeras críticas de profissionais de saúde de todo o planeta – novamente defendido por Bolsonaro nesta segunda-feira – agora foi transformado em atendimento precoce.

O ministro foi além em seu discurso obtuso e afirmou que cabe ao médico decidir qual medicamento adotar no combate à Covid-19. Em outras palavras, Pazuello não honra a farda que até recentemente desfilava por gabinetes oficiais, mas que por enquanto está guardada no armário. E militar covarde é a figura mais asquerosa que pode existir.

Tao covarde quanto o ministro é o presidente Jair Bolsonaro, que não tem coragem de demitir Pazuello por conta das inúmeras trapalhadas no campo do combate à Covid-19. Bolsonaro só não toma tal atitude porque faria um “harakiri” político. Considerando que a aprovação da Coronavac pela Anvisa foi uma dupla derrota, o presidente no momento preferiu o silêncio obsequioso entremeado por declarações estúpidas.

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