Vice-presidente da República, o general aposentado Antônio Hamilton Mourão deixou de lado o papel de “babá de plantão” de Bolsonaro para assumir a função de “passador de pano” nas sandices do presidente, que insiste em flertar com o autoritarismo e o retrocesso.
Como afirmou o UCHO.INFO durante a corrida presidencial de 2018 e ao longo dos últimos dois anos, Jair Bolsonaro é filhote da ditadura e em algum momento há de dar um “cavalo de pau” na democracia brasileira. O presidente vem investindo contra o Estado de Direito e as instituições, na tentativa de ameaçar seus opositores com a possibilidade de um golpe militar, que por enquanto não tem o endosso da cúpula da caserna.
Nesta terça-feira (19), em entrevista aos jornalistas que o aguardavam no Palácio do Planalto, Mourão disse que a democracia fica comprometida se as Forças Armadas forem “indisciplinadas” ou comprometidas com “projetos ideológicos”. Tal declaração serviu para amainar os efeitos colaterais da afirmação de Bolsonaro, que no dia anterior disse que cabe às Forças Armadas decidirem se o País deve viver debaixo de uma democracia ou de uma ditadura.
“Por que sucatearam as Forças Armadas ao longo de 20 anos? Porque nós, militares, somos o último obstáculo para o socialismo. Quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas. Não tem ditadura onde as Forças Armadas não apoiam”, disse o inconsequente Bolsonaro, na segunda-feira (18), ao conversar com apoiadores que o aguardavam à saída do Palácio da Alvorada.
Na tentativa de salvar mais uma vez o descontrolado Jair Bolsonaro, cuja verborragia é caso de polícia, Mourão citou como exemplo a Venezuela. O vice-presidente ressaltou que as Forças Armadas não têm viés ideológico, mas não custa lembrar que em passado não tão distante teceu calorosas loas a Hugo Chávez, que iniciou a ditadura que vem corroendo a liberdade e a dignidade dos venezuelanos. E a incursão do vice-presidente parece ter produzido o chamado “efeito rebote”, pois Bolsonaro acabou na berlinda.
“O presidente já tocou neste assunto várias vezes. É óbvio que se você tiver as Forças Armadas indisciplinadas ou comprometidas com projetos ideológicos, a democracia fica comprometida. Não é o caso aqui no Brasil, obviamente. Mas nós temos nosso vizinho, a Venezuela, que vive uma situação dessas aí. As Forças Armadas são totalmente despolitizadas. Não estão comprometidas com nenhum projeto ideológico. As Forças Armadas estão comprometidas com a missão delas. Já foi dito isso, várias vezes, pelo ministro da Defesa e pelos comandantes de Força”, afirmou Hamilton Mourão.
Mourão tem o direito de, comprometendo a imagem das Forças Armadas, tentar poupar Bolsonaro de duras e necessárias críticas, mas não se pode esquecer que o presidente da República, um adorador de ditadores, vem adulando as camadas mais rasas das forças militares federais e estaduais, com o claro intuito de contar com essas porções das tropas para sufocar a democracia.
Bolsonaro é uma perigosa ameaça ao País e não se pode perder mais tempo para defenestrar um tresloucado que chegou ao poder por vias legítimas, mas a reboque de um discurso embusteiro e mentiroso. Enquanto autoridades saem em defesa do respeito à Constituição Federal, Bolsonaro avança em seu mefistofélico projeto político. Ainda dá tempo de contê-lo!
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