Se o novo presidente do Senado cumprir o que prometeu no primeiro discurso, Bolsonaro não terá vida fácil

 
Instantes após o nome do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) ser anunciado como novo presidente do Senado Federal, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) deu um caloroso abraço no colega de Parlamento, acreditando que a vida política do pai, o presidente Jair Bolsonaro, será fácil na Câmara alta.

Não é novidade que a política brasileira há muito tornou-se um vergonhoso balcão de negócios, que dele se aproximam desqualificados representantes da sociedade, mas quem conhece minimamente o cotidiano parlamentar sabe que o discurso de posse de Pacheco carregou alguns recados perigosos, em especial para o presidente da República e o Palácio do Planalto.

No primeiro discurso oficial, Rodrigo Pacheco comprometeu-se com “os valores democráticos da nossa República e com a Constituição Federal”. Entre o discurso e prática sempre há uma enorme distância, mas o novo presidente, se cumprir a promessa, causará dificuldades para Bolsonaro, que insiste em atentar contra a democracia e a Carta Magna, como se tivesse sido eleito para o posto de dono do Brasil.

Pacheco foi além em seu discurso e afirmou que trabalhará intensamente para “construir uma sociedade justa e desprovida de discriminação de qualquer natureza”. Isso significa que a intolerância bolsonarista não terá espaço no Legislativo, mesmo que o escambo tente falar mais alto.

 
Ressaltamos que Pacheco foi eleito ao comando do Senado com o apoio de um amplo espectro de partidos políticos, o que significa ideologias opostas e conflitantes – DEM, MDB, PDT, Progressistas, PL, PSC, PSD, PT, Pros, Rede Sustentabilidade e Republicanos.

Mineiro que é, Rodrigo Pacheco não deixou pistas claras sobre a forma como conduzirá o Senado nos próximos dois anos, mas o compromisso com os valores democráticos e com a Constituição deve ser cobrado por todos os brasileiros, sob pena de assim não fazendo permitir que o Brasil dê novos e largos passos na direção do autoritarismo e do retrocesso.

Pacheco desistiu de concorrer ao governo de Minas Gerais em 2022 para cumprir o mandato de presidente do Senado até o último dia (1º de fevereiro de 2023). Essa desistência abre caminho para o prefeito Alexandre Kalil se candidatar ao Executivo mineiro. Nas negociações que resultou no apoio a Pacheco, o PSD colocou sobre a mesa uma exigência: caminho livre para Kalil em Minas Gerais.


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