Com a economia parada no atoleiro da crise, a Bolsonaro resta apostar todas as fichas na pauta de costumes

 
A política brasileira é cíclica e sequer chega a ser ciclotímica. Ou seja, tem o seu modo de existir e nada foge ao script que o País conhece. De igual modo, os políticos são o que sempre classificamos como “mais do mesmo”.

Na reta final do ano passado, muitas pessoas nos perguntaram como seria 2021. Em nenhum momento titubeamos para afirmar que o corrente ano seria de dificuldades em todos os setores, principalmente na política e na economia.

Após 25 meses de mandato, o presidente Jair Bolsonaro na fez pelo Brasil e pelos brasileiros, exceto as polêmicas que protagonizou, com direito a ataques à democracia, ao Estado de Direito e às instituições, não sem antes acenar em diversas ocasiões com a possibilidade de golpe.

Na quarta-feira (3), durante a cerimônia de abertura dos trabalhos legislativos, n Congresso Nacional, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), falou em pacificação institucional, mas esse não é o caminho que Bolsonaro seguirá. Até porque, o presidente precisa da ebulição político-institucional para continuar existindo e apostando em seu projeto de reeleição.

 
Menos de 24 horas depois, já nesta quinta-feira (4), Pacheco e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), anunciaram que a reforma tributária deve ser aprovada em ambas as Casas legislativas em no máximo oito meses. Considerando que Pacheco e Lira estão com excesso de otimismo, algo compreensível em razão da estreia de ambos nos respectivos cargos, o Parlamento pode não aprovar a reforma tributária no prazo anunciado.

Um dos sinalizadores do possível atraso na aprovação da reforma tributária é a disposição do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, de dissolver a comissão mista que trata da matéria. Caso leve adiante tal manobra, Lira conseguirá esvaziar politicamente dois adversários. O primeiro é o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator da reforma tributária e aliado de Rodrigo Maia. O segundo é Baleia Rossi, candidato derrotado na disputa pelo comando da Câmara. Dissolvendo a comissão mista, Lira deixaria ao Senado a incumbência de encaminhar o tema, o que levaria ao engavetamento da PEC 45, proposta por Baleia Rossi.

Se antes da pandemia a economia nacional encontrou sérias dificuldades para tentar sair do atoleiro da crise, com o advento do novo coronavírus a situação piorou sobremaneira. Sem auxílio emergencial, com o desemprego em patamar preocupante e um furdunço institucional sem precedentes, acreditar em milagre econômico é passar recibo de inocência. Além disso, o ainda ministro Paulo Guedes (Economia) afirma que se o auxílio emergencial for ressuscitado faltará verbas para educação, saúde e segurança.

Nesse cenário, Bolsonaro nada tem a entregar à população, o que pode minar seu projeto de reeleição. A saída será apostar na aprovação de temas ligados à pauta ligadas de costumes, o que de certa forma daria um alento aos integrantes do chamado “bolsonarismo raiz”, onde impera a intolerância, o radicalismo e a ignorância. Além disso, a pauta de costumes vai ao encontro do falso moralismo do eleitorado evangélico. Resumindo, o Brasil está a um passo de iniciar a caminhada rumo ao retrocesso.

No contraponto, a turba bolsonarista poderá se rebelar diante do fato consumado de que Jair Bolsonaro tornou-se refém do Centrão e para permanecer no cargo terá de distribuir cargos à vontade e cada vez mais. O que contraria de forma flagrante o discurso messiânico de campanha contra a “velha política”, a corrupção, a mamata e o “toma lá, dá cá”.

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