Após afirmar que volta do auxílio emergencial quebraria o País, Bolsonaro já admite retomar benefício

 
Se há na política nacional um elemento em extinção, esse com certeza é a coerência. Talvez a extensa maioria dos políticos brasileiros jamais tenha compreendido o significado de coerência. E essa regra vale para o presidente Jair Bolsonaro, que, contrariando as próprias declarações, muda de opinião ao sabor do vento.

Até recentemente, Bolsonaro negava o perigo da pandemia do novo coronavírus, demonizava as vacinas contra Covid-19 e descartava terminantemente a possibilidade de prorrogação do auxílio emergencial, encerrado em 31 de dezembro passado. O presidente alegava que a extensão do benefício quebraria o País.

“Lamento, o pessoal quer que continue, vai quebrar o Brasil. Vem inflação, descontrole da economia, vem um desastre atrás disso aí. E todo mundo vai pagar caríssimo. E temos que trabalhar”, afirmou o presidente em uma das suas enfadonhas transmissões ao vivo pela internet.

Com a economia estagnada e boa parte da população empobrecendo, sem contar os brasileiros que retornaram à miséria e os novos que chegaram a esse trágico nicho da sociedade, Bolsonaro já admite o retorno do auxílio emergencial, que, segundo estudos preliminares da equipe econômica, poderá ser pago a metade dos beneficiados em 2020. O valor do benefício, se aprovado, ficará entre R$ 200 e R$ 300. É importante ressaltar que no ano passado o governo pretendia pagar R$ 200 a cada beneficiário, mas o valor foi majorado pelo Congresso Nacional.

Enquanto não cumpre as promessas feitas ao Centrão nas semanas que antecederam a disputa pelas presidências da Câmara dos Deputados e do Senado, postura que pode provocar uma intifada a qualquer momento, Bolsonaro decidiu ceder à pressão exercida pelos parlamentares e aceitar o retorno do auxílio emergencial.

 
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que a volta do auxílio não pode estar atrelada a medidas de ajuste nas contas públicas, pois seria o mesmo que tentar se proteger com cobertor curto em noite de geada. Será necessário decretar novamente estado de emergência para que o valor destinado ao auxílio fique à margem do teto de gastos.

Não obstante, agradou a Jair Bolsonaro os efeitos do auxílio emergencial nos índices de aprovação do governo, em especial nas regiões Norte e Nordeste, anteriormente consideradas redutos da esquerda. Em outras palavras, o presidente usará o suado dinheiro do contribuinte para, retomando o pagamento do auxílio, impulsionar sua popularidade por mais alguns meses.

Bolsonaro também passou a defender a vacinação em massa como forma de garantir a retomada da economia. Em dezembro, ao falar sobre cláusula contratual envolvendo o imunizante contra Covid-19 desenvolvido pela Pfizer em parceria com a empresa BioNTech, Bolsonaro disse inexistir garantia de que o vacinado não se transformará em jacaré.

“Lá no contrato da Pfizer, está bem claro nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu”, disse o presidente da República. “Se você virar Super-Homem, se nascer barba em alguma mulher aí, ou algum homem começar a falar fino, eles (Pfizer) não têm nada a ver isso. E, o que é pior, mexer no sistema imunológico das pessoas”, emendou.

O imunizante da Pfizer/BioNTech teve a fase 3 dos testes clínicos realizada no Brasil e não se tem notícia de que algum voluntário tenha se transformado em jacaré ou “Super-Homem”.

Diante de um cenário que aponta para dificuldades extremas para o seu projeto de reeleição, Bolsonaro não se incomoda em assumir o papel de bufão, mesmo que as patacoadas tenham ficado para trás, pois continuando no campo do negacionismo e do deboche o presidente empurrará a economia do País precipício abaixo.

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