Incompetente, Pazuello diz que não há vacina para todos, mas que imunizará a população ainda em 2021

 
Chamado a explicar no Plenário do Senado, nesta quinta-feira (11), as ações do governo no combate à pandemia de Covid-19, o ministro da Saúde, general da ativa Eduardo Pazzuelo, pautou seu depoimento na promessa de que o Brasil “em breve” estará entre os países com o maior número de imunizados contra o novo coronavírus.

Mais cedo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse à imprensa que as explicações do ministro são importantes no momento em que se avalia a criação da CPI da Covid, cujo objetivo é investigar as ações e omissões do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia.

A senadora Rose de Freitas (MDB-ES) apresentou requerimento pela convocação de Pazuello, o que obrigaria a participação do ministro. No entanto, após apelo do líder do governo, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), Rose substituiu a convocação por um convite. Depois da exposição do ministro, os senadores o questionaram sobre as ações do governo.

De chofre, Pazuello, após a promessa de vacinação em massa, disse que até o momento foram distribuídas 11 milhões de doses de vacinas, sendo que cinco milhões já foram aplicadas na população. O ministro da Saúde, que só continua no cargo por causa da teimosia de Jair Bolsonaro, reconheceu que as doses de que o Brasil dispõe são insuficientes, mas garantiu que o governo está disposto a adquirir todos os tipos de vacinas contra a doença e assim promover a imunização. Ele também reconheceu a necessidade de se produzir vacinas em território nacional, a fim de reduzir custos e evitar que o Brasil continue dependendo de outros países.

“Estaremos muito em breve entre os primeiros países do mundo em números totais e percentuais. Estão funcionando entre 27 e 38 mil postos de vacinação, temos duas fábricas da Fiocruz e Butantan produzindo imunizantes. Temos negociações com outros laboratórios. Para vacinar nosso país, com a nossa população, precisamos fabricar vacinas. Esse é o verdadeiro destino do nosso país. Vamos fabricar vacinas para o Brasil e a América Latina. Não podemos contar com laboratórios que nos vendam apenas as vacinas. Temos que compreender que os números não são suficientes para atender o país. Vamos comprar todas [vacinas]. Teremos muitas vacinas diferentes e dificuldade de coordenar as ações no país”, afirmou.

Aquisição das vacinas

O ministro da Saúde apresentou um cronograma de vacinação e falou sobre o andamento das negociações entre o Brasil e outros países para a aquisição de imunizantes.

“O Butantan está fabricando entre oito e doze milhões de doses por mês, com entrega a partir de 15 de fevereiro. Da AstraZeneca, o que recebemos já está na linha de produção. Negociamos a segunda etapa, que fica pronta até março. Até lá, serão doses importadas. As negociações complementarão 30 milhões de doses por mês, isso é o que esperamos para março”, declarou o titular da Saúde, que até recentemente divulgava o uso da hidroxicloroquina no tratamento precoce da doença, sem que o medicamento tenha eficácia comprovada para tanto.

 
Pazuello disse que o Brasil esteve focado na compra das vacinas para imunizar a população, mas observou que essa “ideia foi quebrada nos últimos 90 dias em razão do avanço da doença pelo mundo”.

“Na Europa, países com estrutura maior que a nossa estão apresentando números de contágio e óbitos inacreditáveis. No Reino Unido foram 115 mil óbitos. No Brasil, mais de 235 mil. Comprovamos em Manaus a nova variante do vírus que se espalha pelo País. As vacinas atuam contra a variante, que é três vezes mais contagiosa. Mas a esperança continua sendo a nossa vacina”, emendou o ministro, que usa a realidade de outras nações para justificar a irresponsabilidade do governo Bolsonaro no âmbito da pandemia.

Negociação com laboratórios

Em relação às negociações para aquisição de vacinas, Pazuello afirmou que o Brasil continua em “estreito contato” com os fabricantes dos imunizantes. As encomendas deverão ser entregues nos próximos meses, afirmou o ministro.

“Do Bharat Biotech, laboratório indiano que produz a vacina Covaxin, foram [encomendadas] 20 milhões de doses, com entrega em 60 dias, a partir da nossa contratação. A Janssen, de origem belga, tem se apresentado uma dose insuficiente. Esse é o nosso melhor objetivo. As reuniões foram mantidas, sem aprofundamento. Eles não têm capacidade de entrega imediata. O preço é bom, o resultado é bom, mas a entrega é para o final de primeiro semestre, com dois milhões de doses, em quantitativos pequenos”, declarou.

O ministro da Saúde também falou sobre as negociações em andamento para aquisição de vacina produzida pelos Estados Unidos, ressaltando que recursos já foram repassados para a compra do imunizante da AstraZeneca.

“Com a Moderna, americana, tentamos negociar. No começo das discussões, ao preço de 74 dólares as duas doses. Comparado aos três dólares pago pela AstraZeneca, era algo vinte vezes mais. Tentamos negociar, mas a entrega é para outubro de 2021. Com a AstraZeneca fizemos uma encomenda, com os recursos já repassados, de 100 milhões de doses, com entrega no primeiro semestre, e até julho a encomenda completa, podendo chegar a 20 milhões de doses por mês, ou 200 milhões de doses em 2021, com 100 milhões recebidas semiprontas e as demais com a tecnologia incorporada”, disse.

Pazuello, que se apresenta como especialista em logística, é um incompetente conhecido que ousa gazetear falsa proficiência do governo e da sua pasta, como se o brasileiro desconhecesse a realidade. Diversos países começaram a negociar a compra de vacinas ainda no primeiro semestre de 2020, mas o ministro da Saúde só se preocupou com o assunto há noventa dias, quando boa parte da produção de imunizantes já estava comprometida.

Se o governo negacionista e genocida de Jair Bolsonaro ainda não conseguiu acertar a compra de aproximadamente 340 milhões de doses de vacina – quantidade necessária para duas doses a serem aplicadas em 75% da população –, o ministro da Saúde devaneia ao afirmar que vacinará todos os brasileiros até o final de 2021. (Com Agência Senado)

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