Os Estados Unidos ultrapassaram nesta segunda-feira (22) a trágica marca de 500 mil mortes relacionadas à Covid-19, apenas pouco mais de um ano após o vírus SARS-CoV-2 ser confirmado pela primeira vez em território americano ter causado a primeira morte no país.
De acordo com a contagem mantida pela universidade americana Johns Hopkins, ao todo mais de 28 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus nos EUA – que em números absolutos são, de longe, o país mais afetado pela pandemia no mundo.
Os Estados Unidos sozinhos respondem por 19% do total de mortes em decorrência da Covid-19 registradas oficialmente no planeta. O número é desproporcional, uma vez que a nação reúne apenas 4% da população mundial.
“Hoje atingimos um marco verdadeiramente triste e comovente”, declarou o presidente Joe Biden em discurso emocionado na Casa Branca. “Mais americanos morreram em um ano nesta pandemia do que na Primeira Guerra Mundial, na Segunda Guerra e na Guerra do Vietnã combinadas.”
“Eu sei como é”, disse Biden, referindo-se ao seu próprio histórico de tragédias familiares, que lhe fizeram perder sua esposa e dois filhos ao longo da vida. “Peço a todos os americanos que lembrem. Que se lembrem daqueles que perdemos e daqueles que eles deixaram.”
Ao mesmo tempo, o presidente pediu que as pessoas permaneçam vigilantes e continuem a seguir as recomendações de saúde para conter a pandemia.
“Como nação, não podemos aceitar um destino tão cruel. Enquanto lutamos contra esta pandemia por tanto tempo, temos que resistir a nos tornarmos entorpecidos pela tristeza”, continuou. “Devemos acabar com a política de desinformação que dividiu famílias, comunidades e o país. Isso já causou muitas vidas. Temos que lutar contra isso juntos como um só povo.”
Após o pronunciamento, Biden, a primeira-dama Jill Biden, a vice-presidente Kamala Harris e seu marido, Doug Emhoff, fizeram um minuto de silêncio na Casa Branca, em frente a 500 velas dispostas para representar a soma de vidas perdidas no país.
O presidente também ordenou que todas as bandeiras em propriedades federais e em instalações militares sejam hasteadas a meio mastro durante os próximos cinco dias, informou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.
“Fizemos pior que quase qualquer país”
O epidemiologista Anthony Fauci, conselheiro de Biden para assuntos de saúde, também lamentou os números “assombrosos” atingidos nesta segunda-feira.
“Se olharmos para trás historicamente, fizemos pior do que quase qualquer outro país, e somos um país rico e altamente desenvolvido”, afirmou o especialista em entrevista à rede de televisão ABC News.
O malsucedido desempenho dos EUA no combate à pandemia reflete a falta de uma resposta nacional unificada no ano passado, quando o governo do ex-presidente Donald Trump, um negacionista da Covid-19, deixou os estados à sua própria sorte para enfrentar a maior crise de saúde pública em um século, com Trump muitas vezes entrando em conflito com seus próprios especialistas na área.
Fauci fez também fez um apelo para que os americanos não baixem a guarda e continuem a seguir as medidas de distanciamento, segurança e higiene, enquanto o país corre contra o tempo para vacinar a população. “Precisamos ser muito cuidadosos agora”, afirmou o epidemiologista.
Epidemia nos EUA
O primeiro caso de infecção pelo coronavírus nos EUA foi confirmado em 21 de janeiro de 2020, em um homem de cerca de 30 anos que havia retornado de Wuhan, na China. Já a primeira morte foi registrada em 6 de fevereiro de 2020, uma mulher de 57 anos.
O país atingiu a marca de 100 mil vidas perdidas pela Covid-19 em maio do ano passado. O número dobrou em setembro, e em dezembro os EUA superaram 300 mil mortes. Já no mês seguinte, em 19 de janeiro, foi alcançada a marca de 400 mil óbitos.
As mortes registradas somente entre dezembro e fevereiro correspondem a 46% de todos os óbitos por Covid-19 nos EUA, mesmo depois do início da campanha de vacinação, em dezembro.
Apesar do marco sombrio de 500 mil vítimas, o vírus parece estar dando trégua, com a incidência de infecções caindo pela sexta semana consecutiva. Contudo, especialistas em saúde alertaram que as variantes descobertas no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil podem desencadear outra onda de contaminações que ameaça reverter as tendências positivas recentes. (Com agências internacionais)
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