O infectologista David Uip decidiu que não fará acordo de conciliação com o gerente da farmácia que vazou a receita do próprio médico que trazia prescrição de difosfato de cloroquina.
A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (1) pela defesa do médico, a cargo do criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso. De tal modo, Uip antecipa-se à audiência judicial sobre o caso, agenda para o próximo dia 11.
A mencionada receita médica veio a público em abril de 2020 e viralizou nas redes sociais e em grupos de WhatsApp, onde o infectologista, que dias antes havia testado positivo para o novo coronavírus, “suportou enorme sofrimento” e foi “alvo de incontáveis manifestações de ódio”, ressaltou D’Urso em nota.
O gerente da farmácia “é acusado pelo Crime de Violação de Sigilo Profissional, previsto no art. 154 do Código Penal brasileiro, que estabelece pena de detenção de 3 meses até 1 ano”, destaca a nota divulgada pela defesa.
Na citada audiência pública, como informou a defesa de Uip, “as partes (acusado e vítima) podem se conciliar e celebrar um acordo, o qual seria homologado pelo Juiz, para encerrar o processo”.
“Caso uma das partes não concorde, a conciliação estará prejudicada, prosseguindo-se para a próxima etapa, que é a da transação penal, na qual o Ministério Público, se entender pertinente, oferecerá ao acusado uma pena criminal, que, se for aceita de plano, também encerrará o processo”, completa.
“Esta recusa, justificou a defesa, encontra razão, pois o Prof. David Uip suportou enorme sofrimento, quando foi alvo de incontáveis manifestações de ódio, tanto pessoalmente como pela internet, além de seus familiares, esposa, filhas e filhos, que passaram a ser alvo, inclusive, de ameaças, tudo por causa do crime praticado pelo acusado, quando “vazou”, em grupos de WhatsApp, a receita da vítima, na qual esta se autoprescrevia o medicamento cloroquina para ser adquirido e eventualmente ministrado”, enfatizou o advogado.
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