Cardiologista Marcelo Queiroga resolve colocar o currículo em risco e aceita comandar o Ministério da Saúde

 
O presidente Jair Bolsonaro escolheu o médico Marcelo Queiroga como novo ministro da Saúde. Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Queiroga será o quarto nome a assumir a pasta, comandada desde maio de 2020 pelo general da ativa Eduardo Pazuello, após o início da pandemia do novo coronavírus.

O convite a Queiroga foi feito durante reunião na tarde desta segunda-feira (15), no Palácio do Planalto, após a recusa da também cardiologista Ludhmila Hajjar, que justificou sua decisão por “motivos técnicos”.

A médica, que sofreu ataques sórdidos e ameaças da milícia bolsonarista após ter seu nome ventilado como possível ocupante do cargo, tem opiniões opostas às de Bolsonaro, que defende o tratamento precoce da Covid-19 com o uso de cloroquina e outros medicamentos sem eficácia comprovada no combate à doença, além de ser um ácido crítico das medidas de isolamento social.

Marcelo Queiroga, que comunga das mesmas teses de Hajjar, é defensor do distanciamento social e contra o tratamento precoce. Cardiologista, Queiroga deve saber dos graves efeitos colaterais provocados pelo uso da cloroquina. Contudo, o médico é considerado como uma pessoa flexível, a ponto de implementar uma política de saúde que não contrarie suas convicções nem a ideologia míope do presidente da República, que insiste em ignorar as 280 mil mortes causadas pela pandemia.

 
Independentemente do perfil conciliador de Queiroga, é importante lembrar que o Brasil não pode aceitar que um novo ministro da Saúde repita as barbaridades cometidas pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo demitido Eduardo Pazuello, pois em jogo estão vidas humanas e famílias que choram os parentes perdidos para a pandemia do novo coronavírus.

Com bom trânsito com integrantes do governo e no meio político, além de ser próximo do senador Flávio Bolsonaro, o médico Marcelo Queiroga havia sido indicado por Bolsonaro para ocupar uma diretoria da Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS). A indicação, que por conta da pandemia estava estacionada a Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal, seria aprovada sem dificuldades.

Enquanto o governo Bolsonaro não reformular sua estratégia de aquisição de vacinas contra Covid-19, definir um plano de imunização confiável e passível de execução e financiar o aumento de leitos de UTI em todo o território nacional, qualquer medida adotada pelo novo ministro da Saúde será inócua.

É importante ressaltar que as mensagens enviadas por Bolsonaro à opinião pública sobre a pandemia e as medidas protetivas contribuíram sobremaneira para a tragédia que se instalou no País.

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