Com Bolsonaro em obsequioso silêncio, Lorenzoni assume papel de boneco de ventríloquo e critica “lockdown”

 
Instado a moderar as declarações sobre a pandemia do novo coronavírus e minimizar as críticas às medidas adotadas por governadores e prefeitos para conter o assustador avanço da Covid-19 no País, o presidente Jair Bolsonaro não desistiu a postura beligerante, mas terceirizou a verborragia marcada pela irresponsabilidade genocida. Pelo menos é esse o cenário do momento, mais especificamente desta segunda-feira (29).

Ciente de que não pode contrariar os integrantes do chamado “bolsonarismo raiz”, Bolsonaro incumbiu o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, de assumir momentaneamente a artilharia contra medidas de isolamento e a decretação de confinamento em muitas cidades brasileiras.

Nesta segunda-feira, durante evento no Palácio do Planalto, quando foi anunciada a Medida Provisória que “modernizará o ambiente de negócios” no País, Bolsonaro manteve-se calado, o que chamou a atenção, Esse silêncio obsequioso deve-se às mais de 300 mil mortes, à falta de vacinas contra a doença e ao colapso do sistema de saúde.

No contraponto, em discurso inflamado, Lorenzoni assumiu o discurso bolsonarista e voltou a atacar o “lockdown”, mesmo depois da desastrada afirmação de que insetos e pássaros carregam e transmitem o vírus SARS-CoV-2.

“Uma parte da imprensa engajada diz que tratar precocemente as pessoas, fazer o atendimento rápido… Como, por exemplo, foi feito no Pará. Qual é a grande diferença do estudo recém-lançado entre Pará e Amazonas? Estruturar a cadeia de prestação de serviço básico, equipar os postos de saúde com farmácia adequada para que o médico escolhesse”, disse Onyx.

 
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Sem dados científicos do estudo a que se referiu, Lorenzoni avançou no campo do devaneio oficial: “Tem cinco vezes menos mortes do que o estado do Amazonas. Cinco vezes mais recuperações. Nós estamos falando de vidas.”

Não satisfeito com o conteúdo de mais um discurso descabido, mas agindo como subserviente de plantão, Lorenzoni repetiu o presidente ao distorcer afirmações da chanceler alemã Angela Merkel, que decidiu não decretar “lockdown” na Alemanha durante o período de Páscoa.

Merkel decidiu não impor medidas mais restritivas no país europeu porque o curto período, cinco dias, inviabiliza a operação e proporciona poucos resultados práticos. Mesmo assim, a Alemanha continua em isolamento social, plano que foi estendido até 18 de abril.

Resumindo, Onyx Lorenzoni assumiu o papel de boneco de ventríloquo, sem se incomodar com a repercussão negativa de suas estapafúrdias declarações. Resta saber por qual razão a Executiva nacional do Democratas ainda não expulsou Lorenzoni.

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