Família de George Floyd exige justiça e condenação de policial em julgamento

 
A família de George Floyd cobrou justiça no julgamento de Derek Chauvin, veterano do Departamento de Polícia de Minneapolis, acusado de sufocar o homem negro de 46 anos em plena rua, durante ação policial. Essa morte brutal gerou protestos contra o racismo e a violência policial nos Estados Unidos e no planeta.

Uma semana após a escolha do júri, a partir desta segunda-feira (29) o policial branco enfrenta em tribunal acusações de homicídio, sendo a mais grave em segundo grau, quando o assassinato ocorre de modo intencional, mas sem premeditação. Caso seja condenado por esse crime, ele pode ser sentenciado a até 40 anos de prisão. Chauvin, de 44 anos, foi despedido da força policial junto com os outros três agentes envolvidos na ação policial que resultou na morte de Floyd, em 25 de maio de 2020.

“Tenho fé que ele será condenado”, disse o irmão de George, Philonise Floyd, a jornalistas em Minneapolis no domingo. “Tenho um grande buraco agora em meu coração. Não pode ser consertado… Eu preciso de justiça para George. Precisamos de uma condenação.”

A família de Floyd organizou um culto de orações na noite de domingo. Participaram líderes de direitos civis como o reverendo Al Sharpton e Ben Crump, o advogado da família Floyd.

Philonise acrescentou estar confiante na condenação de Chauvin, “assim como todo mundo que viu aquele vídeo, porque o vídeo é a prova”. “Meu irmão obedeceu. Ele disse: ‘Não consigo respirar”. Ele disse: ‘Minha mãe!”. Ele disse: ‘Diga aos meus filhos que os amo’… Ninguém deveria ter que passar por isso, ninguém deveria ter que suportar isso.”

“Momento decisivo na história racial dos EUA”

O jornal “Star Tribune”, de Minneapolis, classificou o julgamento de Chauvin como “um momento decisivo na história racial dos Estados Unidos”. Espera-se que a causa da morte de Floyd seja a questão central no julgamento, uma das provas-chave provavelmente será o vídeo gravado por uma transeunte.

As imagens da morte de Floyd viralizaram, desencadeando semanas de protestos antirracismo mundo afora. Os vídeos mostram Chauvin ajoelhado no pescoço de Floyd por quase nove minutos, enquanto o prendia por supostamente tentar fazer compras numa loja com uma nota falsa de US$ 20.

O advogado do policial, Eric Nelson, deve argumentar que Chauvin estava seguindo o procedimento policial, e que a morte de Floyd deveu-se a uma overdose da droga fentanil e a condições de saúde debilitadas. O advogado da família Floyd antecipou que a defesa atacaria o caráter de George Floyd na esperança de que “se esqueça o que se viu naquele vídeo”.

 
Os argumentos iniciais serão proferidos num tribunal de Minneapolis fortemente protegido e observado com atenção em todo o mundo. O processo deve durar cerca de um mês. Inicialmente, 15 jurados foram selecionados. No entanto, o juiz Peter Cahill, do distrito de Hennepin, deve dispensar um jurado e prosseguir com 12 jurados e dois suplentes.

O painel formado após duas semanas de seleção é racialmente misto, com seis mulheres brancas, duas mestiças e uma negra, e três homens negros e três brancos.

Condenação, só por unanimidade

A condenação em qualquer uma das acusações – homicídio em segundo grau, homicídio em terceiro grau ou homicídio culposo – exige que o júri dê um veredicto unânime. Policiais raramente são condenados nos EUA.

Devido à pandemia de covid-19, está vetada a presença de público no julgamento, mas o processo será transmitido ao vivo. As identidades dos jurados não serão reveladas até depois do julgamento, porém alguns detalhes foram divulgados: eles têm de 20 a 60 anos de idade e há um químico, uma assistente social, um contador e uma enfermeira. Dois são imigrantes nos EUA. Uma é avó, outra casou recentemente e outra é mãe solteira de dois meninos adolescentes.

O processo de seleção do júri foi complicado devido à intensa publicidade prévia em torno do caso. Todos, exceto um dos jurados, disseram ter visto pelo menos parte do vídeo da detenção que levou à morte de Floyd.

Vários jurados em potencial foram dispensados depois de declararem ao juiz que não podiam ser justos ou imparciais ou presumir a inocência de Chauvin, conforme exige a lei. Outros expressaram apreensão com a própria segurança.

O advogado de Chauvin pediu o adiamento do julgamento e sua transferência para fora de Minneapolis, após o anúncio, veiculado em 12 de março, de que a cidade chegara a um acordo de US$ 27 milhões de “morte por negligência” com a família de Floyd.

O juiz Cahill, no entanto, rejeitou a solicitação, declarando: “Não acho que haja nenhum lugar no estado de Minnesota que não tenha sido submetido a um volume extremo de publicidade neste caso.”

Os outros três policiais envolvidos – Tou Thao, Thomas Lane e J. Alexander Kueng – também enfrentam acusações em conexão com a morte de Floyd. Eles devem ser julgados separadamente no fim de 2021. (Com agências internacionais)

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