Comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica reúnem-se e decidem por renúncia coletiva

 
A demissão inesperada do ministro da Defesa, general da reserva Fernando Azevedo e Silva, pegou de surpresa a cúpula das Forças Armadas. Como informou o UCHO.INFO em matéria anterior, Azevedo e Silva se recusou a alinhar as Forças Armadas ao governo e ao bolsonarismo, o que de alguma maneira significaria endossar o projeto criminoso de Jair Bolsonaro de autogolpe.

Em trecho nota divulgada logo após entregar seu pedido de demissão ao presidente da República, Azevedo e Silva destacou que, durante o período em que esteve à frente da Defesa, “preservei as Forças Armadas como instituições de Estado”. Na mais rasa interpretação da nota fica claro que Bolsonaro tentou usar as forças militares para ameaçar a democracia, o Estado de Direito e os Poderes constituídos.

Comandante do Exército, o general Edson Leal Pujol, com quem o presidente tem algumas divergências, foi alçado à mira de Bolsonaro, que busca apoio militar para a decretação de Estado de sítio em resposta às medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos como forma de conter o avanço da pandemia no País.

 
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Pujol, que corria o risco de ser demitido a qualquer momento, resolveu se antecipar e convocou reunião com os comandantes das outras duas forças – Ilques Barbosa Júnior (Marinha) e Antonio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica). Os três comandantes foram mencionados na nota de Azevedo e Silva em trecho que destaca elogios e agradecimento.

Indignados com a demissão do ministro da Defesa, os comandantes das três Armas reuniram-se em Brasília e decidiram pela renúncia coletiva, algo inusitado na história da República. Até o final da noite de segunda-feira não havia decisão tomada, mas informações de bastidores apontavam que a renúncia dos três oficiais aconteceria nas próximas horas.

Pujol entrou no radar de Bolsonaro por não aderir ao negacionismo torpe do presidente e também por defender o distanciamento social inclusive dentro do Exército. A situação do comandante Edson Pujol piorou por causa de entrevista concedida pelo general Paulo Sérgio, responsável pelo setor de saúde do Exército. Paulo Sérgio declarou que o Exército se prepara para uma terceira onda da pandemia de Covid-19 e defendeu a decretação de “lockdown”.

A informação sobre a possível saída dos comandantes chegou ao núcleo duro do governo, onde os generais palacianos já trabalham para minimizar a decisão. Por mais que os assessores de Jair Bolsonaro tentem dar ar de normalidade à saída dos comandantes, o fato em si provocará crispações no meio político e empresarial. Isso porque há nas três Armas um clima de tensão indisfarçável, que pode levar à queda de Bolsonaro antes que ele leve a cabo seu projeto de autogolpe.

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