Em um só dia

(*) Gisele Leite

A tragédia brasileira se confirma com a totalização de quatro mil mortos pela Covid-19 em um só dia. Um feito antes apenas alcançado pelos EUA. E, de acordo com os dados levantados junto aos Estados pelo consórcio de veículos de comunicação, foram 4.211 óbitos, o que significa uma morte a cada vinte segundos. No país inteiro o total de mortes chegou a 337.364, com a média móvel de 2.775 em sete dias, registrando a alta de 22% em relação ao período anterior.

Jacente ao cenário dantesco, pessoas morrem na fila a espera de uma vaga em UTI, mas os hospitais das Forças Armadas brasileiras conservam até oitenta e cinco por cento de seus leitos ociosos, reservados apenas para militares e suas respectivas famílias. Tais dados foram informados após bastante protelação feita pelo Ministério da Defesa ao Tribunal de Contas da União (TCU).

Mesmo diante da pandemia, os hospitais militares foram custeados por pelo menos dois bilhões de reais do Orçamento da União no ano passado, e os únicos civis com direito ao acesso aos seus serviços são os servidores do Ministério da Defesa.

Apesar de recordes preocupantes entre óbitos e infectados, a Presidência da República ironiza em seus discursos aos apoiadores, ridicularizando as medidas de isolamento social e, ainda, debochou da alcunha mais célebre que é a de “genocida”. Disse que resolveria o problema do vírus em poucos minutos, bastava dar dinheiro à imprensa. Mais uma atitude negacionista diante a dura realidade dos fatos.

As mortes de profissionais de saúde por causas naturais cresceram 25,9% entre março de 2020 e fevereiro deste ano. Além da própria Covid, muitos foram vítimas de doenças relacionadas ao estresse e ao esgotamento físico. Rio de Janeiro e São Paulo foram os estados com mais mortes nessa área.

No Rio de Janeiro, o atual Presidente do Tribunal de Justiça cassou a liminar que proibia a retomada de aulas presenciais em escolas públicas e privadas. Mas, ressaltou ser facultativo aos pais e responsáveis deixar ou não seus filhos frequentarem as aulas.

Não bastasse a tragédia da pandemia, soma-se a insegurança jurídica de idas e vindas sobre as medidas de enfrentamento ao coronavírus. Esclareça-se, em tempo, que o protocolo sanitário rigoroso resta inviável para a maioria das escolas públicas, onde aliás, falta até mesmo água. O que levou o Sindicato dos Professores do RJ em decretar a greve dos professores.

Outro aspecto, igualmente preocupante da pandemia, revela que em cada três pacientes que se recuperam da Covid-19, um manifesta claros distúrbios neurológicos ou mentais. Até o presente momento, ainda não se sabe são irreversíveis ou não.

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

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