Em conversa telefônica, o desqualificado Bolsonaro fala em “sair para a porrada” com Randolfe Rodrigues

 
Que o presidente Jair Bolsonaro é um desqualificado, principalmente para o cargo que ocupa, todo brasileiro de bem está cansado de saber. Contudo, a postura de Bolsonaro como chefe do Executivo ultrapassa com folga os limites do bom senso e da institucionalidade.

Na conversa telefônica que teve com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), no último sábado (10), Bolsonaro não apenas pressionar o parlamentar para a abertura de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), mas diz que se a CPI da Covid for adiante e os partidos de esquerda fizerem muito ruído, será obrigado a “ir para a porrada” com o também senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), como se o Brasil fosse uma réplica agigantada do Coliseu romano.

Em determinado trecho do diálogo, Kajuru afirma que, “se a CPI for revanchista, faz questão de não participar”. Bolsonaro, então, responde: “Se você não participa, a canalhada do Randolfe Rodrigues vai participar. E vai começar a encher o saco. Aí vou ter que sair na porrada com um bosta desse”.

Depois de, em conversa com apoiadores, afirmar que Kajuru poderia divulgar a íntegra da gravação, o senador goiano, que tinha publicado apenas um trecho da conversa nas redes sociais, decidiu divulgar novas pílulas do diálogo à Rádio Bandeirantes.

“Eu não tinha divulgado essa parte para preservar um colega senador. Era desnecessário, na minha opinião. De graça. Tem inimizade entre eles? Tem, Randolfe é líder da oposição. Mas eu achei que o melhor para os dois era essa parte não ser colocada. Não tinha nada a ver. Era um desabafo. Mas ele quis o restante, então coloquei. Pronto, acabou”, afirmou Kajuru em entrevista à emissora de rádio.

 
“Todo mundo que conversa comigo em Brasília eu gravo por precaução. Já avisei isso na tribuna do Senado. No caso do presidente, avisei ontem [sobre a divulgação da gravação] às 12h40. Na noite de sábado esse foi o motivo principal da minha conversa com ele. Ele me elogiou, falou ‘parabéns, nota 10’ pelo pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Aí começou a reclamar da questão da CPI ser só com o governo federal. Falou ‘é contra mim apenas’ e pediu ‘você poderia me ajudar a convencer os colegas para pegar governador e prefeito, senão dá impressão que é só comigo’. Garanti a ele”, declarou o senador.

“Ontem às 12h40, quando liguei para avisar que o requerimento estava pronto, avisei [que seria divulgado]. Falei ‘olha, vou colocar nossa conversa no ar, vai ser importante’. Foi um desabafo dele. Considerei que foi uma proteção a ele mostrar ao Brasil que ele está se sentindo prejudicado. Ele usou a palavra ‘sacana’ porque estava chateado. A única parte que não coloquei para protegê-lo, achei desnecessário, foi quando ele ofendeu um senador e falou que iria para porrada. Falei ‘calma, não é hora disso, a hora é de paz’. Se quer que eu convença os outros, preciso ir com passe. Mostrar que está xingando não adianta nada. Quis protegê-lo porque acho injusto, a CPI vira revanchismo. Foi minha intenção. Só isso.”

O ponto principal desse imbróglio institucional foi deixado de lado, inclusive pela grande imprensa. Trata-se de mais de 353 mil mortes por Covid-19, muitas das quais poderiam ser evitadas se o governo tivesse agido com doses mínimas de responsabilidade e competência. Usar uma CPI, cujo objetivo é investigar a omissão do governo no combate à pandemia do novo coronavírus, para revanchismo político e eventualmente salvar um projeto de reeleição que derrete com o passar dos dias mostra a essência sórdida do presidente da República.

A CPI da Covid é mais do que necessária, pois a população, temerosa de ir às ruas para protestar em razão da pandemia, precisa que seus representantes assumam esse papel com a máxima urgência. Sobre a insinuação que poderá agredir fisicamente o senador Randolfe Rodrigues, o presidente da República é um covarde conhecido que se esconde atrás de declarações torpes e absurdas.

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