Em gravação de conversa telefônica feita pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e divulgada nas redes sociais no domingo (11), o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez mostrou que é desprovido de competência e estofo para ocupar cargo de tamanha relevância como a Presidência da República.
No diálogo, que versou principalmente sobre a CPI da Covid, Bolsonaro cobrou do senador pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) com a abertura de processo de impeachment de alguns ministros da Corte.
“Você tem de fazer do limão uma limonada. Tem de peticionar o Supremo para colocar em pauta o impeachment (de ministros) também”, disse Bolsonaro ao senador. “Sabe o que eu acho que vai acontecer, eles vão recuperar tudo. Não tem CPI, não tem investigação de ninguém do Supremo.”
Na conversa com Kajuru, o presidente, além de tratar do impeachment de integrantes das Suprema Corte, insistiu para que a CPI da Covid inclua nas investigações governadores e prefeitos. Ou seja, Bolsonaro quer minimizar a própria culpa, como se o requerimento de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito não tivesse fato determinado, que no caso é a omissão do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus.
O presidente da República, em mais uma tentativa de escapar da responsabilidade, creditou o elevado número de mortes por Covid-19 no País à suposta omissão de prefeitos e governadores. Bolsonaro, que abusa da dissimulação quando está em situação de dificuldade, prefere ignorar que ele próprio boicota medidas de proteção contra a doença, como, por exemplo, “lockdown”, isolamento social e uso de máscaras de proteção.
“A questão do vírus… Não vai deixar de morrer gente, infelizmente, no Brasil. Poderia morrer menos gente se os governadores e prefeitos que pegassem recursos e aplicassem realmente em postos de saúde, hospital”, disse Bolsonaro a ao senador goiano.
Na manhã desta segunda-feira (12), ao conversar com apoiadores que se aglomeram diariamente na entrada do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que a divulgação do diálogo é ilegal por não ter autorização judicial, o que não é verdade. Quando um dos interlocutores divulga o conteúdo da conversa, uma eventual autorização da Justiça não é necessária.
“Eu fui gravado em uma conversa telefônica, está certo? A que ponto chegamos no Brasil? Gravado. A gravação é só com autorização judicial. Agora, gravar o presidente e divulgar… E outra, só para controle, falei mais coisas naquela conversa lá. Pode divulgar tudo da minha parte, tá?”, disse o presidente.
Momentos antes de conversar com os apoiadores, Bolsonaro foi às redes sociais para mais uma vez atacar governadores e prefeitos que adotam medidas duras para conter o avanço da pandemia. E o presidente novamente usou questões ideológicas, o que serve apenas para insuflar a súcia de apoiadores.
“Hoje você está tendo uma amostra do que é o comunismo e quem são os protótipos de ditadores, aqueles que decretam proibição de cultos, toque de recolher, expropriação de imóveis, restrições a deslocamentos, etc.”, escreveu o néscio.
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