Plano de Dória de concorrer à Presidência da República começa derreter e enfrenta resistência no PSDB

 
Governador de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB) é considerado “cristão novo” no meio político, por isso insiste em reinar absoluto, como se a arte de negociar aceitasse adeptos do despotismo. Entre o governador paulista falar em democracia e pensar e agir de forma democrática há uma grande distância. E nem sempre quem fala em democracia age como democrata convicto.

Diferentemente do que pensa o governador de São Paulo, o PSDB é um partido político que tem sua gênese fincada nos movimentos contra a ditadura militar, o que por si só afasta Dória da essência partidária. O fato de ter se aproximado de Bolsonaro na eleição de 2018 não soou bem na cúpula tucana, que viu o chamado voto “Bolso-Dória” como uma demonstração de oportunismo irresponsável e antidemocrático.

Com índice de rejeição elevado, principalmente na cidade de São Paulo, e agora ameaçado por outras lideranças tucanas em seu projeto de concorrer à Presidência da República em 2022, Dória começa a trabalhar nos bastidores para diluir a resistência que enfrenta no tucanato e contra o senador Tasso Jereissati (CE), cujo nome começa a ser ventilado como eventual presidenciável da legenda.

Ciente de que um projeto de reeleição tem chances concretas de fracassar, em especial porque o partido tende a indicar outro nome para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes, João Dória tenta manter a soberba política para continuar como pré-candidato à corrida presidencial do próximo ano.

O nome de Jereissati foi sugerido pelo presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, que chegou ao comando da agremiação com o apoio de Dória. O senador cearense, que é visto por muitos como uma versão brasileira de Joe Biden, por seu equilíbrio na atividade política, já afirmou que só aceita concorrer ao Palácio do Planalto se for escolhido por consenso como candidato. Ou seja, Tasso descarta a possibilidade de participar das prévias do PSDB, que devem acontecer no segundo semestre.

 
No contraponto, se o PSDB mantiver a decisão de realizar as prévias, Dória terá de disputar a indicação com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que participará correndo por fora. Com voz na cúpula do PSDB e trabalhando contra João Dória estão o deputado federal Aécio Neves (MG), que teve a expulsão partidária defendida pelo governador paulista, e o senador Izalci Lucas (DF)

O projeto de Dória de chegar ao comando da nação está ameaçado por uma costura política que começa a se desfazer. Vice-governador de São Paulo – e governador de fato –, Rodrigo Garcia (DEM) é pretende disputar o governo paulista no próximo ano, o que permitiu a Dória sonhar com o apoio dos democratas na corrida presidencial.

Como vários políticos filiados ao Democratas também se colocam como pré-candidatos à Presidência da República, o sonhado apoio do partido a João Dória passou a se distanciar. A saída foi convidar Rodrigo Garcia a se filiar ao PSDB para concorrer ao governo de São Paulo, algo que ainda não aconteceu. E dificilmente acontecerá. Isso porque o PSDB está há muitos anos no comando da principal unidade da federação e somente um nome de peso seria capaz de estender o reinado tucano no estado. Com condições de conseguir essa proeza há apenas um nome no PSDB: Geraldo Alckmin.

No caso de ser preterido como presidenciável, Dória terá de buscar a reeleição, caso queira continuar na política. Esse cenário compromete os planos de Rodrigo Garcia, que continua reando pela cartilha do presidente nacional do DEM, ACM Neto, que diante da movimentação de Dória já mostrou as garras.

O governador de São Paulo aposta na Coronavac, vacina contra Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, como principal cabo eleitoral, mas o poder do imunizante nessa seara é questionável. No máximo a vacina do Butantan deixará o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, em dificuldade.

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