Conhecido como alguém com dificuldades para levar suas teorias econômicas ao campo do exequível, o ainda ministro da Economia, Paulo Guedes, que se jacta por ter frequentado a Universidade Chicago, é um néscio em termos de política, mesmo após mais de dois como integrante do governo.
Em novo desvario, que serve apenas para obter cinco minutos de fama questionável, Guedes disse nesta terça-feira (27), durante do Conselho de Saúde Suplementar, que “o chinês inventou o vírus”, mas tem uma vacina menos eficiente do que a desenvolvida por farmacêuticas norte-americanas. Participam do encontro no Palácio do Planalto os ministros Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil) e Marcelo Queiroga (Saúde).
A estapafúrdia declaração ocorreu no dia em que a Índia anunciou que poderá reduzir a exportação de imunizantes por causa da explosão de casos de Covid-19 no país e o Senado instalou a CPI da Covid, tendo na relatoria o senador Renan Calheiros (MDB-AL), um ácido crítico do governo.
A frase sobre as vacinas da China e dos EUA foi dita em contexto em que o ministro da Economia defendia maior eficiência de empresas privadas sobre o setor público.
Até o momento, testes clínicos verificaram maior eficácia de imunizantes desenvolvidos pelas farmacêuticas Pfizer e Moderna, dos EUA, mas especialistas alertam para o fato de que não há comparar resultados de testes realizados em circunstâncias distintas.
Além disso, goste Guedes ou não, a Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Coronavac em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, tem sido a “salvação da lavoura” para um governo inepto e negacionista.
Sem saber que a reunião estava sendo transmitida ao vivo pelas redes sociais do Ministério da Saúde, Paulo Guedes destilou sua conhecida soberba, como se fosse o último dos gênios, mas a ser informado sobre a transmissão pediu que sua fala não fosse veiculada. “Só não manda para o ar por favor”, disse o ministro. Se há algo deplorável entre os humanos, alguém que não sustenta o que diz por certo puxa a fila.
A acusação torpe de que a China teria criado o novo coronavírus há muito é rebatida com firmeza pelo governo de Pequim, sem que até agora os acusadores tenham apresentado uma só prova dessa suposta invenção.
Afirmação idêntica foi feita pelo ex-presidente Donald Trump, que acabou reverberada por Bolsonaro e seus quejandos, a começar pelo filho “03”, Eduardo Bolsonaro, que no Twitter afirmou que a China esconde de forma proposital a gravidade do novo coronavírus.
As ideias e propostas de Paulo Guedes são de tal forma absurdas e desconexas, que o ministro defendeu, durante o encontro palaciano, a distribuição de um “voucher” para que a parcela de baixa renda da população recorra a hospitais privados e tenha acesso a serviços de saúde. “Vai no Einstein se você quiser, vai onde quiser”, disse Guedes em referência ao concorrido Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Caso o governo de Jair Bolsonaro fosse minimamente sério, Paulo Guedes já teria sido demitido. Como o presidente da República é um despreparado que vive agarrado às poucas franjas da direita burra, Guedes continua ministro. Afinal, ambos se merecem.
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