Placar da eleição de Omar Aziz como presidente da CPI da Covid mostra a fragilidade política do governo

 
Para quem acompanha com atenção a atuação do governo Bolsonaro não é novidade que em termos de articulação política os assessores do presidente da República, assim como o próprio, são no mínimo desastrosos. Isso porque o “generalato palaciano”, integrado por saudosistas da ditadura, continuam acreditando que todos, incluindo o Congresso Nacional, devem ser submissos a um governante irresponsável que flerta diuturnamente com o totalitarismo.

A eleição para a mesa diretora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid deixou evidente a extensão da fragilidade do governo no campo político. A CPI, assim que criada, teve seu desenho partidário confirmado, com sete membros que fazem oposição ao Palácio do Planalto e quatro governistas. Esse quadro, confirmado na manhã desta terça-feira (27), mostra que a possibilidade de o governo Bolsonaro não se dar bem é grande (63,6%).

Eleito presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM) recebeu 8 votos, ou seja, algum aliado do governo votou em um parlamentar que se declara independente. Analisado o retrato político da CPI e feita a “prova dos nove”, concluiu-se que o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, votou em Aziz. O próprio Ciro confirmou posteriormente que votou no senador amazonense para presidente da CPI.

 
Se tal o gesto nada representa para muitos, na verdade é uma clara sinalização de que o governo deveria começar a se preocupar com o futuro, pois o PP, a exemplo do que fez por ocasião do calvário político da petista Dilma Rousseff, não pensa duas vezes antes de abandonar o barco corre o sério risco.

À época, antes do processo de impeachment que apeou Dilma do poder, o PP nadava de braçadas na lama do Petrolão, mas em dado momento decidiu abandonar a petista à própria sorte, já que no horizonte começavam a despontar as eleições de 2016. Além disso, a possibilidade de fazer algum tipo de acordo com o governo do então presidente Michel Temer ajudou no desembarque marcado pela traição.

Na política brasileira, assim como na de diversos países ao redor do globo, lealdade e coerência são mercadorias em extinção. Faltando pouco mais de um ano para as eleições de 2022, o Centrão, que só existe à sombra do malfadado escambo político, não precisará de muitas razões para abandonar Jair Bolsonaro e seus “generais de pijama” ou, então, dobrar o valor da “fatura”.

A última peça de resistência em eventual processo de “abandono do barco” é o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, que continua fazendo o jogo de Bolsonaro, com as devidas contrapartidas. No momento em que perceber que sua permanência na política está ameaçada, Lira não pensará em se juntar aos desertores.

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