Anunciada por Queiroga, possível nova compra de vacinas da Pfizer está atrasada e pode esbarrar na logística

 
Na esperança de produzir algum efeito na CPI da Covid, que começa a avançar no Senado Federal, o ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, disse a empresários paulistas durante reunião realizada na poderosa Fiesp, que está bem encaminhada negociação da pasta para a aquisição de mais 10 milhões de doses da vacina da Pfizer contra Covid-19.

Ao ministro pouco importa o quanto sua declaração é lógica e coerente, pois o objetivo dessa cortina de fumaça é convencer a opinião pública de que na CPI o governo do negacionista Jair Bolsonaro é alvo de perseguição política. Na verdade, Bolsonaro é responsável por muitas das mais de 409 mil mortes causadas pelo novo coronavírus.

No caso de a negociação chegar a bom termo, 35 milhões de doses do imunizante serão entregues em outubro próximo, o que pode ser tarde demais para um país que está a iminência de enfrentar uma terceira onda de Covid-19.

Até a noite de segunda-feira (3), é importante ressaltar novamente, 16.279.037 brasileiros haviam recebido a segunda dose da vacina contra Covid-19, o que representa 7,69% da população do País. Considerando que no Brasil estão sendo utilizados imunizantes que requerem a aplicação da segunda dose (dose de reforço), estamos a éguas de distância de vacinar 75% da população, requisito para conter a circulação do vírus SARS-CoV-2. A afirmação de que mais de 32 milhões de pessoas receberam a primeira dose serve para nada, pois não se tem dos fabricantes a garantia da eficácia de dose única.

No encontro com os empresários, Marcelo Queiroga afirmou que até o final do presente ano todos os brasileiros estarão vacinados. Essa declaração é vaga, pois o contrato com a Pfizer ainda não foi assinado. Além disso, tomando por base que a farmacêutica americana recomenda intervalo de três semanas entre as doses, não há como cravar que até o apagar das luzes de 2021 todos estarão vacinados.

 
Não obstante, a anunciada compra de novo lote com 100 milhões de doses da vacina da Pfizer carrega alguns questionamentos no bagageiro. Se a vacina em questão exige depende de sistema de refrigeração de até 80º negativos, tal quantidade pode ser exagerada se consideramos que nem todas as cidades brasileiras dispõe de logística tão sofisticada. Outra questão também faz referência ao armazenamento do imunizante. Se o Ministério da Saúde decidir distribuir a vacina da Pfizer apenas às cidades brasileiras com condições de armazenamento adequado, esses municípios ficarão à mercê de nova onda da pandemia até a chegada dos imunizantes.

No encontro com os empresários paulistas, Queiroga foi além em seu destampatório e pediu para que os presentes não anunciem em veículos de imprensa que informam a verdade à opinião pública. Na opinião do ministro da Saúde, os empresários não devem veicular campanhas publicitárias em veículos de comunicação que não “contribuem com o Brasil”.

“Não sei com que motivação [setores da imprensa] querem fazer isso para motivar a discórdia. Seria bom que vocês, da iniciativa privada e que fazem publicidade nesse tipo de comunicação, repensassem essas estratégias”, disse o ministro.

O Brasil caminha a passos largos na direção de 500 mil mortos ou mais pelo novo coronavírus, mas Queiroga ousa dizer que noticiar a verdade dos fatos é não contribuir com o Brasil. O ministro deveria se preocupar com as supostas celebridades contratadas pelo Palácio do Planalto, com o suadíssimo dinheiro do contribuinte, para divulgar nas redes sociais o absurdo tratamento precoce.

Marcelo Queiroga, não se enganem caros leitores e caras leitoras, é mais um no grupo de subservientes ao presidente Jair Bolsonaro, que agora aceita a adoção de medidas de combate à pandemia como forma de salvar seu projeto de reeleição, que, vale destacar, esfarela com o avanço do tempo.

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.