Especialistas que aconselham o Ministério da Saúde são contra o uso de cloroquina para tratar Covid-19

 
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro insiste em defender o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19, como forma de alimentar seu nauseante negacionismo, e faz comparação esdrúxula entre o fármaco e o canabidiol, a ciência mostra cada vez mais que o uso desses medicamentos é fruto da imaginação fértil de quem assessora o chefe do Executivo federal.

Formado a partir de convite do Ministério da Saúde, um grupo técnico integrado por especialistas elaborou documento preliminar com parecer contrário ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e outros medicamentos sem eficácia comprovada em pacientes hospitalizados por causa da Covid-19.

A análise técnica faz parte da elaboração de protocolo único sobre como os doentes devem ser atendidos nos hospitais, abordando procedimento de intubação, uso de oxigênio e outros pontos relacionados aos procedimentos hospitalares.

O documento (Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do Paciente com Covid-19) será analisado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). E ficará disponível para consulta pública pelo período de dez dias, podendo ser adotado, na sequência, como nova orientação do governo federal sobre o tema.

“Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimab não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população”, destaca o documento.

 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta desde o segundo semestre de 2020 que cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina não têm eficácia comprovada contra a Covid-19 e podem provocar efeitos colaterais graves.

Apesar dos alertas da OMS e dos especialistas, o governo de Jair Bolsonaro não tornou sem validade a publicação de documento técnico que recomenda a prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina mesmo em casos leves de Covid-19.

Esse posicionamento do governo confirma mais uma vez a irresponsabilidade genocida de Bolsonaro, que continua apostando na imunidade de rebanho, não sem antes criticar as medidas restritivas para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus.

Se o Conitec e o Ministério da Saúde adotarem a recomendação do grupo técnico, o negacionismo do presidente da República estará formalmente reconhecido, não importando o que pensam seus radicais apoiadores e conselheiros no campo da ciência e da medicina.

Não custa lembrar que em setembro de 2020, durante a cerimônia de posse do então ministro Eduardo Pazuello (Saúde), o presidente dirigiu-se à claque palaciana referindo-se a si mesmo como “doutor Bolsonaro”, exibindo em uma das mãos embalagem de hidroxicloroquina. Em qualquer país sério, Bolsonaro já estaria teria sido apeado do cargo.

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