General Luiz Eduardo Ramos assinou o escandaloso “orçamento secreto”, mas finge inocência

 
Os “filhotes” da ditadura militar se derretem diante de uma farda qualquer. Obtusos de pensamento e sempre flertando com o retrocesso, esses saudosistas defendem intervenção militar com Jair Bolsonaro no poder, como se a Constituição brasileira permitisse tal desvario.

A tese defendida pelos detratores da liberdade e da democracia encontra respaldo na alegação de que militares são impolutos e patriotas. Sem querer generalizar, mas atendo-se a fatos da história, um recuo na linha do tempo até a época da ditadura colocaria essa teoria por terra. Sem contar a truculência que imperou nos porões do mais negro período da história nacional.

Como não se deve perder tempo com leguleios, o melhor é dissecar o presente para impedir que absurdos voltem a ocorrer no País. O tal “orçamento secreto”, também conhecido como “tratoraço” ou “Bolsolão”, foi assinado por uma figura proeminente do governo de Jair Bolsonaro, o general da reserva Luiz Eduardo Ramos.

Ciente de que o “orçamento secreto” foi elaborado para comprar apoio político no Congresso Nacional – em especial do sempre ávido Centrão –, assunto demonizado pelo próprio presidente da República no início do governo, Ramos é o que se pode chamar de ode ao engodo.

Talvez, com a ascensão de Bolsonaro ao poder central, o conceito de patriotismo e retidão pública tenha mudado ou quiçá se deteriorado. Que o populista Jair Bolsonaro é “mais do mesmo” todo brasileiro de bom senso já sabe, mas para um governo que se agarra ao bordão “Deus acima de todos, Brasil acima de todos”, o tal “orçamento secreto” é caso de polícia.

 
Luiz Eduardo Ramos, que já chefiou a Secretaria de Governo da Presidência e atualmente está à frente da Casa Civil, deveria ter se ocupado da aquisição de vacinas para imunizar os brasileiros, sem deixar que o assunto fosse tratado por um ministério paralelo da Saúde, como revelou Fábio Wajngarten em depoimento à CPI da Covid.

O “orçamento secreto” foi criado para saciar a volúpia do Centrão por cargos e verbas, operação canhestra que deveria ser gerenciada por alguns parlamentares aliados do governo e teve o endosso dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, respectivamente, e do senador Davi Alcolumbre, ex-presidente do Senado.

Ramos entrou no circuito três semanas após Bolsonaro vetar a tentativa do Congresso de criar a RP9. No projeto enviado ao Congresso, o general da reserva chegou a incluir no texto um artigo, o 64-A, que dava ao Parlamento o direito de determinar a destinação do dinheiro público abrigado no “orçamento secreto”.

O então chefe da Secretaria de Governo negou ter assinado o projeto e afirmou que “a iniciativa da criação da RP9 foi da Comissão de Orçamento do Congresso”. A negociação dos parlamentares para divisão dos recursos da RP9 foi feita no gabinete de Luiz Eduardo Ramos.

Em qualquer país razoavelmente sério – não é o caso do Brasil – o governo Bolsonaro já teria caído por conta dessa escandalosa “pedalada”. Além disso, Ramos estaria respondendo na Justiça por corrupção ativa.

Apenas a título de informação, o lema do Exército brasileiro é “braço forte, mão amiga”. Imagine se a mão que Luiz Eduardo Ramos usou para assinar o “tratoraço” fosse inimiga.

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