Com 33 partidos políticos legalizados e devidamente registrados na Justiça Eleitoral, o Brasil é um pandemônio partidário sem precedentes e que empurra o País ao abismo do bom-senso. Esse cenário, que ultrapassa as fronteiras do compreensível, mostra que o País é refém do oportunismo de alguns políticos, que criam legendas, muitas de aluguel, para funcionarem como mera fonte de renda.
À parte os partidos chamados “nanicos”, as principais legendas se engalfinham a cada dois anos no campo eleitoral em busca de um lugar ao sol no terreiro do poder. Aos agentes políticos e aos representantes dos partidos pouco importa a necessidade do País em termos de manutenção da democracia e do desenvolvimento da nação, desde que a sede pelo poder seja saciada nas urnas.
Os últimos 28 meses mostraram aos brasileiros que é preciso se livrar do atraso e do obscurantismo, por isso é importante uma coalizão de partidos em torno de candidatura capaz de derrotar Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2022.
O encontro dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última semana, durante almoço na casa de Nelson Jobim, ex-ministro do STF, soou como ameaça à vaidade que reina no tucanato.
O PSDB reagiu à fala de FHC, que declarou voto em Lula no próximo ano para derrotar Bolsonaro. Os tucanos não souberam digerir a declaração e afirmam que esse aceno a Lula compromete o lançamento de um eventual candidato do partido à Presidência da República. Presidente nacional da legenda, Bruno Araújo disse que o partido não pode “passar sinais trocados” aos eleitores.
“Esse encontro ajuda a derrotar Bolsonaro, mas não faz bem a um potencial candidato do PSDB. Nossa característica é saber dialogar, inclusive com adversários políticos. De toda forma, precisamos evitar sinais trocados aos nossos eleitores. O partido segue firme na construção de uma candidatura distante dos extremos que se estabeleceram na democracia brasileira”, afirmou Araújo. “Depois de o petismo rotular seu governo de ‘herança maldita’, parece mais que estão em busca de votos do que um reconhecimento da gestão de FHC”, completou.
Bruno Araújo deveria deixar os punhos de renda no armário e vestir a camisa da lógica, pois muito pior do que a “herança maldita” foi a decisão de João Dória Júnior de se alinhar a Bolsonaro para vencer a eleição ao governo paulista. O escárnio foi tamanho, que o governo de São Paulo lançou à época o slogan “BolsoDoria”. Além disso, durante os governos petistas os tucanos não tiveram competência para ser oposição.
Alegar que um aceno de FHC a Lula prejudica o lançamento de um candidato da legenda ao Palácio do Planalto é passar recibo de despreparo político. Somente um desavisado é capaz de acreditar que João Dória e Eduardo Leite (governador do Rio Grande do Sul), pré-candidatos do PSDB à Presidência, têm cacife político-eleitoral para entrar na disputa e vencer.
O momento exige inteligência política e desprendimento de todos para se alcançar uma candidatura capaz de derrotar o atual presidente da República, um néscio e debochado que desconhece a liturgia do cargo e flerta diariamente com o autoritarismo.
Ao PSDB, assim como a muitas legendas, não importa as necessidades do País e os anseios da população, mas, sim, a utopia de lançar candidatura própria e manter-se na vitrine da hipocrisia. Caso imaginasse o que vem ocorrendo nos subterrâneos do poder com vistas ao processo eleitoral do próximo ano, o PSDB sairia de cena sem fazer barulho.
Apenas a título de exemplo, o governador João Dória, caso pensasse em reeleição, dificilmente conseguiria um novo mandato à frente do governo de São Paulo. Em relação ao gaúcho Eduardo Leite, o fato de ser desconhecido no âmbito nacional dificulta uma candidatura ao Palácio do Planalto.
Na iminência de perder um dos seus principais nomes, o ex-governador Geraldo Alckmin, o PSDB, conhecido por sempre estar em cima do muro, insiste em não descer do salto alto. A prevalecer tal postura, o partido tende a avançar no processo de desidratação.
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