Escândalo da compra superfaturada da Covaxin mostra que o governo Bolsonaro é “mais do mesmo”

 
Jair Bolsonaro elegeu-se à Presidência da República no vácuo de um falso discurso moralista, que desmoronou nos primeiros dias de governo, a começar pela manobra para salvar a pele do filho senador, Flávio Bolsonaro, que está na proa do escândalo das malfadadas “rachadinhas”. Sem contar a meteórica evolução patrimonial do parlamentar e o pagamento de contas pessoais com dinheiro vivo, tarefa que era delegada a Fabrício Queiroz.

Desde a posse de Bolsonaro até agora, o UCHO.INFO vem afirmando que os acordos políticos firmados pelo Palácio do Planalto com deputados e senadores do chamado Centrão mandou pelos ares o discurso que criticava a “velha política”, até porque os aliados do governo são os velhacos de sempre.

Além de nada ter feito em prol do Brasil, o governo Bolsonaro começa a mostrar a que veio, confirmando muitas de nossas matérias. O escândalo envolvendo a compra de doses da Covaxin, fabricada pelo laboratório indiano Bharat Biotech, tem potencial para fazer trepidar os alicerces do Palácio do Planalto.

A Procuradoria da República no Distrito Federal apontou “temeridade do risco assumido pelo Ministério da Saúde” na contratação para a compra da Covaxin e propôs a abertura de investigação criminal sobre o contrato do governo com a empresa Precisa Medicamentos, representante da Bharat Biotech no Brasil.

Na avaliação de Luciana Loureiro, procuradora da República no DF, não há justificativa para as inconsistências na negociação “a não ser atender a interesses divorciados do interesse público”.

 
O MPF identificou indícios de possíveis irregularidades no contrato para a entrega de 20 milhões de doses da Covaxin no valor total de R$1,6 bilhão. A dose foi negociada a US$ 15 dólares, preço 1.000% ao de outras vacinas comercializadas no mercado internacional, a exemplo do imunizante da Pfizer.

Com depoimento à CPI da Covid agendado para quarta-feira (23), Francisco Maximiano, sócio da Precisa medicamentos, enviou ofício à comissão informando a impossibilidade de comparecer à sessão. No documento, a defesa de Maximiano alega que o empresário desembarcou no Aeroporto de Guarulhos no último dia 15, vindo da Índia, o que o obrigaria a cumprir quarentena obrigatória de 14 dias.

Há nesse enredo alguns pontos que não se encaixam. A convocação de Francisco Maximiano foi aprovada pela CPI em 16 de junho, um dia após seu desembarque no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. Mesmo ciente da data do depoimento desde a última a semana, o empresário enviou ofício à Comissão Parlamentar de Inquérito apenas nesta terça-feira (22).

Reza a sabedoria popular que “onde há fumaça há fogo”. Talvez o fogo tenha sido contido nos últimos dias, mas a fumaça mostra que o governo de Jair Bolsonaro é o que se conhece como “mais do mesmo”. Até porque, o então ministro Eduardo Pazuello (Saúde) afirmou publicamente, ao lado do presidente da República, “um manda, outro obedece”. Ou seja, Bolsonaro não apenas tinha conhecimento do superfaturamento, mas endossou o escárnio.

Além disso, a compra da Covaxin foi possível a partir de emenda do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara dos Deputados. Para quem não se recorda, Ricardo Barros, enquanto ministro da Saúde (governo Temer), se envolveu no escândalo da compra de L-asparaginase, medicamento utilizado no tratamento de leucemia linfoblástica aguda. O esquema foi denunciado com exclusividade pelo UCHO.INFO em janeiro de 2017.

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