“Covaxingate”: ao dizer que Bolsonaro repassou suspeitas a Pazuello, base governista complica o Exército

 
Como informou o UCHO.INFO na edição de quarta-feira (23), a reação do governo Bolsonaro à denúncia de corrupção no processo de compra da Covaxin, vacina contra Covid-19 fabricada pela farmacêutica indiana Bharat Biotech, deixa claro que o escândalo é muito maior do que se imagina.

A decisão de escalar Onyx Lorenzoni, chefe da Secretaria-Geral da Presidência, para rebater em tom de ameaça a acusação feita por um parlamentar e por um servidor do Ministério da Saúde foi uma estratégia equivocada, pois o governo preferiu investigar o denunciante, não a denúncia.

Em que pese a ameaça torpe de Lorenzoni, que no mínimo configura coação de testemunha, a denúncia feita pelo deputado federal Luís Cláudio Fernandes Miranda (DEM-DF) é grave e mostra que o governo foi conivente com o ilícito, assim como o presidente da República. A situação torna-se ainda mais grave porque Luís Ricardo Miranda, irmão do parlamentar e servidor do Ministério da Saúde, afirma ter provas incontestáveis sobre o episódio, as quais serão apresentadas na sexta-feira (25) durante depoimento à CPI da Covid.

O presidente Jair Bolsonaro prevaricou ao tomar conhecimento do caso e não determinar imediata investigação pela Polícia Federal. Além disso, o governo deu prosseguimento ao processo de compra da Covaxin, sem que a Anvisa tivesse autorizado o uso emergencial do imunizante

 
Na guerra de narrativas que surge para confundir a opinião pública, senadores governistas que integram a CPI da Covid afirmaram nesta quinta-feira que o presidente da República repassou o caso ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Tal declaração coloca as Forças Armadas no olho de um furacão que não deve acabar tão cedo.

Em outra ponta do imbróglio está a Polícia Federal, que já informou não ter encontrado na base de dados da corporação qualquer pedido do governo para investigar o caso. Resumindo, a narrativa palaciana é fraca e inconsistente.

Apesar de o staff palaciano alegar que nem uma dose de Covaxin foi adquirida pelo governo até então, o fato de os recursos (R$ 1,6 bilhão) terem sido empenhados, ou seja, reservados para tal fim, não deixa dúvidas de que o escândalo era conhecido por muitos integrantes da gestão federal e recebeu aval para seguir adiante.

Causa espécie um detalhe importante nesse episódio: o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), que apresentou emenda à Medida Provisória para viabilizar a compra dos imunizantes Covaxin e Sputnik V, submergiu desde que a denúncia veio a público.

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