Reação truculenta do governo ao escândalo da Covaxin mostra que o desespero tomou conta do Planalto

 
Marcado por ameaças e falso moralismo, o discurso oficial do governo de Jair Bolsonaro sobre o escândalo da Covaxin começa a desmoronar com o passar das horas. Essa sequência é conhecida dos brasileiros que acompanham a política nacional e seus constantes escárnios.

Após o ministro Onyx Lorenzoni, chefe da Secretaria-Geral da Presidência, ter feito ameaças ao deputado federal Luís Cláudio Fernandes Miranda (DEM-DF) e a Luís Ricardo Miranda, irmão do parlamentar e servidor do Ministério da Saúde, com direito a menções religiosas, o Palácio do Planalto acena com reação emoldurada pelo desespero.

Palacianos preparam um dossiê contra o deputado Luís Cláudio, em clara demonstração de intimidação e abuso de poder. O movimento acontece um dia antes do depoimento os irmãos Miranda à CPI da Covid, no Senado Federal. Se até agora o deputado era considerado aliado e participava dos passeios de moto do presidente, qualquer retaliação sinaliza um problema muito maior do que se imagina.

Considerando que o presidente Jair Bolsonaro afirmou a apoiadores, nesta quinta-feira (24), que de nada adianta “inventar uma vacina” para atacar o governo, bastaria provar que a operação de compra da Covaxin seguiu as regras, não existindo qualquer sinal de corrupção. A questão é que Bolsonaro foi alertado sobre o alto custo da Covaxin antes de fechar o negócio com a farmacêutica indiana Bharat Biotech, sem ter tomado qualquer providência para suspender a transação.

 
Como afirmamos em matéria anterior, o presidente da República está disposto a sacrificar assessores para tentar escapar de um escândalo que tem potencial para causar estragos no escopo do governo. Tanto é assim, que senadores governistas que integram a CPI da Covid afirmaram que o presidente da República havia repassado o caso ao então ministro Eduardo Pazuello (Saúde). Os governistas não fizeram tal afirmação a esmo, mas a pedido da cúpula do Palácio do Planalto.

O mais nocivo efeito colateral do episódio em questão está no fato de a denúncia de corrupção ter surgido à tona no rastro dos movimentos contra o governo e que pedem a saída de Bolsonaro. Além disso, a aprovação do governo Bolsonaro despencou para 23%, segundo levantamento do instituto Ipec. A pesquisa mostra também que 50% dos entrevistados reprovam a administração federal, enquanto 26% classificam como regular. Na pesquisa anterior, a aprovação era de 28%, e a reprovação, de 39%.

Tomando metade do índice dos que classificam o governo como regular, a desaprovação da gestão Bolsonaro chega a 63%, patamar elevado para quem continua a sonhar com a reeleição. Considerando que todo esse nicho está descontente com o governo, a desaprovação salta para 76%. Diante desse cenário, Jair Bolsonaro tem duas saídas: abusar ainda mais do populismo ou radicalizar sobremaneira o discurso.

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