Indicado por Ricardo Barros cobrou propina de R$ 2 bilhões para viabilizar fornecimento de vacinas

 
Como destacamos em matéria anterior, caso o presidente Jair Bolsonaro queira terminar o mandato terá de se render ao comportamento espúrio e bandoleiro do Centrão, bloco parlamentar que se dedica ao proxenetismo político.

Por ocasião do encontro com o deputado federal Luís Cláudio Fernandes Miranda (DEM-DF) e Luís Ricardo Fernandes, irmão do parlamentar e servidor do Ministério da Saúde, que alertaram para esquema de corrupção no contrato de compra da Covaxin, vacina contra Covid-19 fabricada pela farmacêutica indiana Bharat Biotech, Bolsonaro não titubeou em acusar Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, de ser o responsável pelo “rolo”.

“Puta merda, mais um rolo desse cara”, teria dito Bolsonaro aos irmãos Miranda, em referência a Ricardo Barros, que desde o governo do então presidente Michel Temer surge na sombra de diversas estripulias no Ministério da Saúde.

Apesar da gravidade da denúncia, que veio a público recentemente, Bolsonaro decidiu manter Ricardo Barros como líder na Câmara dos Deputados e garantir ao Centrão o feudo na pasta da Saúde. O governo sempre soube de ilícitos na Saúde, mas preferiu fazer ouvidos moucos em troca de apoio político no Congresso Nacional. Até porque, no Brasil a atividade política está a atrelada a negócios escusos e interesses espúrios.

O “longa manus” de Ricardo Barros na Saúde é Roberto Ferreira Dias, diretor de Logística da pasta, que estranhamente resistiu à mudança de ministros da Saúde. Isso prova que o Centrão, em especial Ricardo Barros, controla setores do ministério.

 
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Nesta terça-feira (29), Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply, disse que Ferreira Dias cobrou a propina para o fornecimento de vacinas contra Covid-19. O pedido ocorreu em 25 de fevereiro passado durante jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, na capital federal.

A Davati Medical procurou o Ministério da Saúde para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, com proposta inicial de US$ 3,5 por dose. Após o encontro, o valor passou a US$ 15,5 por dose. “O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa”, disse Dominguetti.

O representante da Davati Medical será convocado para depois na CPI da Covid e tem o dever de provar a acusação que ora faz. Mesmo assim, sendo verdadeiras suas palavras, acrescentar US$ 1 por dose representaria ao final do processo R$ 2 bilhões em propina, com base na atual cotação da moeda norte-americana.

Se Roberto Ferreira Dias continuar como diretor de Logística do Ministério da Saúde e Ricardo Barros não for apeado do carro de líder do governo na Câmara dos Deputados, o impeachment de Jair Bolsonaro torna-se inevitável, em que pese as drásticas consequências ao País.

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