Como informou o UCHO.INFO em matéria anterior, o presidente Jair Bolsonaro terá de entregar “os anéis e os dedos” ao Centrão caso queira escapar de processo de impeachment. Isso significa ceder ainda mais espaço e conceder novas benesses ao bloco parlamentar que faz da política um imundo balcão de negócios.
Com 271 páginas e 46 assinaturas, o superpedido de impeachment contra Bolsonaro protocolado na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (30), não será analisado por enquanto. É o que afirma o presidente da Casa legislativa, deputado federal Arthur Lira (PP-AL).
Eleito ao cargo com o escancarado apoio do Palácio do Planalto, Lira disse a jornalistas: “não será feito agora, né. Tem que esperar”. “O que houve nesse superpedido? Uma compilação de tudo o que já existia nos outros e esses depoimentos, quem tem que apurar é a CPI. É para isso que ela existe. Então, ao final dela a gente se posiciona aqui, porque na realidade impeachment, como ação política, a gente não faz com discurso, a gente faz com materialidade”, afirmou o presidente da Câmara.
Perguntado se rejeitará o superpedido de impeachment, Lira disse que há outros 120 requerimentos na fila. Ao final da conversa com os jornalistas, o presidente da Câmara, que se posicionou contra a instalação de uma CPI no momento, abusou da ironia ao falar sobre o trabalho dos senadores que investigam a atuação do governo no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. “Vou esperar a CPI, está fazendo um belíssimo trabalho, bem imparcial”, disse.
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Arthur Lira está longe de ser parvo, até porque se assim fosse não teria chegado ao comando da Câmara dos Deputados, mas negar a existência de materialidade para justificar a não abertura de processo de impeachment contra o presidente da República é ignorar a capacidade de raciocínio do brasileiro.
Não obstante os inúmeros crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro ao longo dos últimos dois anos, o CovaxinGate, escândalo no âmbito das negociações para a aquisição de vacinas contra Covid-19, deixa evidente a prevaricação do presidente da República diante de denúncia de esquema de corrupção no Ministério da Saúde, envolvendo “afilhado” do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros.
O posicionamento de Arthur Lira deixa claro que o staff palaciano agiu rápido nos bastidores para evitar o pior. Considerando que um escândalo como o CovaxinGate é motivo mais do que suficiente para defenestrar Ricardo Barros da liderança do governo, a complacência do governo com o escárnio confirma o que há muito afirmamos: Bolsonaro está cada vez mais refém do Centrão.
Em que pese o fato de Ricardo Barros estar no olho do furacão, um pedido de propina no valor de R$ 2 bilhões não é operação que tem apenas um eixo. O Departamento de Logística do Ministério da Saúde é reduto político do Centrão, em especial do Partido Progressista, portanto a cúpula da legenda está diretamente envolvida nesse e em outros escândalos que ainda são desconhecidos. O silêncio obsequioso do presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, fala por si.
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