(*) Gisele Leite
O silêncio eloquente garantido pelo STF, fez do mago, digo, depoente, Wizard um depoente inútil. Enquanto isto, nova denúncia de corrupção nas vacinas deixa o atual governo federal atordoado e igualmente silente.
A propina seria um dólar por cada dose de vacina, esse era o pedido segundo as fontes feitos pelo então diretor de logística do Ministério da Saúde. A denúncia é resultado do apuro jornalístico da repórter Constança Rezende, que ainda ouviu detalhes do empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que é o representante no país da empresa hindu Davati Medical Supply.
E, a dita cobrança teria ocorrido durante o jantar em um restaurante na capital do país, em 25 de fevereiro do corrente ano. Lá se encontrava o Diretor e mais duas pessoas, afirmou a fonte da jornalista. Afirmou-se, na ocasião, que para trabalhar no Ministério da Saúde tem que compor com o grupo, sem legar semântica ao que se referia.
Já no dia seguinte, deu-se uma reunião oficial com os mesmos personagens incluindo-se o Coronel Élcio Franco, o secretário-executivo do Ministério que fora legado pelo General Pazuello. Na ocasião, o protagonista saíra da sala e lhe telefonou perguntando sobre o possível acerto ou rejeito da proposta.
Cogita-se que o valor total da propina alcançaria cerca de um bilhão de reais, o negócio não fora fechado. Na noite de ontem, o Palácio do Planalto decidiu exonerar Roberto Dias, que é reconhecido como indicado pelo líder do governo na Câmara, o Deputado Ricardo Barros, apesar de sua negativa.
Em recente depoimento à CPI da Pandemia, o deputado Luís Miranda afirmou ter ouvido do próprio Presidente da República que as irregularidades na compra de outra vacina, a Covaxin, seria rolo de Barros. Há, um certo suspense, pois haverá uma sessão privada com os irmãos Miranda que acenam trazer provas mais contundentes de suas narrativas.
A CPI, doravante, cogita convocar Dominguetti para que confirme pessoalmente a referida denúncia.
Em rede social, o Presidente da CPI disse que pretende ouvir o empresário. Por sua vez, a AstraZeneca informou que não opera através de intermediários, mas a Davati, sediada nos EUA, confirmou que um de seus representantes no país pediu ajuda na compra de vacinas, porém, a proposta que fora enviada ao governo brasileiro não fora respondida.
Num movimento de contenção, o Ministério da Saúde procurou suspender o contrato para a compra da Covaxin e, segundo o atual Ministro da Saúde, a suspensão se deu por orientação da Controladoria-Geral da União para que análises mais ciosas fossem realizadas.
Apesar da previsão de que os trabalhos investigativos da CPI da Pandemia terminem em sete de agosto, consta existir cerca de trinta e quatro assinaturas requerendo sua prorrogação por mais três meses.
O Presidente do Senado brasileiro, Rodrigo Pacheco, afirmou, por sua vez, que irá esperar o final do prazo para se pronunciar.
A Procuradoria-Geral da República, por sua vez, requereu ao STF que aguarde a conclusão das investigações da CPI da Pandemia para finalmente decidir a respeito do pedido de investigação contra o atual Presidente da República por prevaricação.
Partidos políticos de diferentes matizes e mesmo ex-aliados protocolaram um “superpedido” à Câmara de impeachment de Bolsonaro e, em só documento se reuniu os cento e vinte pedidos que dormem em pesadelo na gaveta de Arthur Lira.
Os organizadores dos requerentes reconhecem piamente que será indispensável a pressão popular nas ruas para que o referido pedido prospere, e, pelo visto, o atual Presidente não tem mais o Centrão na base política para evitá-lo.
Questiona-se se, de fato, existe tempo hábil para o impeachment? O jogo parece virar. Aguardemos cenas do próximo capítulo: o ocaso da democracia brasileira. É primeira vez que vírus, como patógeno liquidou um governo de forma tão agressiva, mas não atingiu as pessoas apenas, mas principalmente sua credibilidade.
(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.
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