Bolsonaro tornou-se refém da denúncia dos irmãos Miranda e de suposto dossiê produzido por Roberto Dias

 
As investigações da CPI da Covid e os escândalos das negociações para aquisição de vacinas contra o novo coronavírus aterrorizam o Palácio do Planalto, onde assessores do presidente da República tentam compreender os efeitos colaterais do momento político.

Com 529 mil mortes por Covid-19, muitas delas evitáveis, o presidente Jair Bolsonaro, que é refém político do Centrão, se vê acuado pela denúncia feita pelos irmãos Luís Cláudio e Luís Ricardo Miranda e também por um suposto dossiê produzido por Roberto Ferreira Dias, exonerado há dias da Diretoria de Logística da Ministério da Saúde, posto que alcançou com o apadrinhamento do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na câmara dos Deputados.

Integrantes da CPI da Covid cobraram de Bolsonaro, nesta quinta-feira (8), uma resposta sobre a denúncia feita pelos irmãos Miranda durante reunião no Palácio da Alvorada, em 20 de março passado, ocasião em que relataram ao chefe do Executivo esquema de corrupção em processo de compra da vacina indiana Covaxin. Bolsonaro, que afirmou ser o tal esquema mais um “rolo” de Ricardo Barros, afirmou aos irmãos que acionaria a Polícia Federal, o que não aconteceu. O silêncio do presidente se deve ao fato de o encontro ter sido gravado.

Em 23 de junho, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, acompanhado do coronel da Reserva Élcio Franco (ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde), ameaçou, durante entrevista coletiva, os irmãos Luís Cláudio, que é deputado federal pelo DEM do Distrito Federal, e Luís Ricardo, servidor da Saúde.

 
À época, Lorenzoni afirmou que pediria a abertura de procedimento administrativo disciplinar junto à Controladoria-Geral da União (CGU) para apurar a conduta de Luís Ricardo. “O servidor será investigado por prevaricação”, disse o ministro, dando a entender que o governo estava interessado em investigar o denunciante, não a denúncia.

Em relação ao deputado Luís Cláudio, o ministro mesclou citações a Deus com ameaça e falou em “má-fé” e “denunciação caluniosa”. “Deputado Luís Miranda, Deus tá vendo, mas o senhor não vai só se entender com Deus, não, vai se entender com a gente também. O senhor vai explicar e pagar pela irresponsabilidade, pela má-fé, pela denunciação caluniosa e pela produção de provas falsas”, ameaçou Onyx.

No tocante ao ex-servidor Roberto Ferreira Dias, o Palácio do Planalto adotou posição canhestra e em duas etapas. Inicialmente exonerou o “protegido” por Ricardo Barros em razão do escândalo do escândalo envolvendo negociação para compra de 400 milhões de doses de vacina da farmacêutica AstraZeneca. Ou seja, o governo tento se proteger atirando Dias “aos leões”.

Antes de depoimento prestado à CPI da Covid, na quarta-feira (7), Ferreira Dias fez vazar a informação de que poderia ter produzido um dossiê sobre os processos para aquisição de imunizantes, cm direito a troca de mensagens entre membros do governo. O tal dossiê estaria na Espanha com um primo de Dias.

A preocupação palaciana em relação ao suposto dossiê ficou evidente na sessão de quarta-feira da CPI da Covid, quando senadores governistas fizeram de tudo para defender Ferreira Dias, que acabou recebendo voz de prisão por perjúrio.

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.