Internado e sem previsão de alta, Bolsonaro evolui “de forma satisfatória” e insiste na vitimização

 
A internação do presidente Jair Bolsonaro, que está som “tratamento clínico conservador” no Hospital Vila Nova Star, na cidade de São Paulo, gerou controvérsia de todos os níveis e espalhou maledicência por toda parte. Em que pese o fato de o UCHO.INFO, como veículo de comunicação, tecer críticas balizadas e responsáveis ao governo, nossa torcida é pela pronta recuperação do chefe do Executivo.

Antes de ingressar na análise dos fatos que não sem encaixam, ressaltamos novamente nosso repúdio à exploração política do quadro de saúde do presidente da República, que em nenhum momento, desde o desembarque da pandemia do novo coronavírus no Brasil, foi capaz de se solidarizar com os familiares dos mais de 530 mil brasileiros que tombaram diante da Covid-19. Exibir nas redes sociais imagens da internação e destacar a qualidade do atendimento médico-hospitalar é no mínimo um escárnio.

Bolsonaro foi internado na madrugada do último domingo (11) no Hospital das Forças Armadas (HFA), no setor Sudoeste de Brasília, por conta de soluço persistente e dores abdominais. Após ser avaliado pelos médicos, o presidente foi liberado e retornou ao Palácio da Alvorada.

Na manhã da última quarta-feira (14), Bolsonaro foi levado de volta ao HFA por causa das dores abdominais. Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência (Secom) informou que o presidente fora internado “por orientação de sua equipe médica” com o objetivo de realizar exames “para investigar a causa dos soluços”. O comunicado ressaltou que Bolsonaro “ficará sob observação, no período de 24 a 48 horas, não necessariamente no hospital”. “Ele está animado e passa bem”, concluiu a Secom.

Horas depois, o cirurgião gástrico Antônio Luiz Macedo, que acompanha Bolsonaro desde o episódio do atentado a faca, na campanha eleitoral de 2018, foi chamado a Brasília para avaliar a condição clínica do presidente da República.

Na sequência, por decisão de Macedo, o chefe do Executivo foi transferido para o hospital da capital paulista, onde chegou depois das 19 horas de quarta-feira. Em entrevista à rádio Jovem Pan, o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, disse que o pai foi “intubado por precaução” e que exames de imagens identificaram acúmulo de líquido no abdômen e obstrução intestinal. Segundo o parlamentar, médicos do HFA realizaram a retirada de aproximadamente um litro de líquido do abdômen de Bolsonaro.

 
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Enquanto Flávio afirmava que o presidente possivelmente ao seria submetido a cirurgia para desfazer a obstrução intestinal, o deputado Eduardo Bolsonaro, o “03”, não descartava uma intervenção cirúrgica. Informações desencontradas são comuns em situações como essa, mas em se tratando do presidente da República é imperioso o cuidado extremo com declarações desencontradas e com base na emoção e marcadas pelo achismo.

Em boletim médico divulgado nesta quinta-feira pela equipe médica que acompanha Bolsonaro afirma que o presidente “está evoluindo de forma satisfatória clínico e laboratorialmente”. “O Senhor Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, segue internado no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, evoluindo de forma satisfatória clínico e laboratorialmente. Permanece o planejamento terapêutico previamente estabelecido. O Presidente segue sem previsão de alta hospitalar”, destaca o boletim.

Não temos vocação para teorias da conspiração, mas um dos principais mandamentos do jornalismo é questionar à exaustão. O presidente foi internado na madrugada do último domingo, como já citado, e nenhum médico do HFA foi capaz de identificar o problema, com todos os recursos disponíveis? Antes disso, o serviço médico da Presidência da República não considerou a possibilidade de o soluço persistente ser reflexo de algo que merecesse atenção?

O presidente foi internado novamente na quarta-feira no HFA, onde passou por exames laboratoriais, mas a Secom divulgou nota informando que Bolsonaro passava bem e que ficaria em observação por até 48 horas, não necessariamente no hospital? Afinal, Bolsonaro foi levado à UTI e intubado ou não?

O cirurgião Antônio Luiz Macedo vai à capital federal e no HFA decide transferir o presidente para o hospital Vila Nova Star, em São Paulo, para “tratamento clínico conservador”? Em Brasília não existe um hospital com condições de atender o presidente em cenário como o descrito pelos médicos?

Para quem foi internado por causa de soluço constante e dores abdominais, além de ter sido intubado, e encontra tempo para desqualificar novamente a CPI da Covid, Bolsonaro mostra-se lépido e faceiro enquanto se agarra à vitimização.

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