Pazuello negociou com intermediária compra da Coronavac pelo triplo do preço oferecido pelo Butantan

 
A farsa do governo de Jair Bolsonaro começa a desmoronar com rapidez. Eleito sob a bandeira do combate à corrupção, Bolsonaro vem usando mentiras, chacotas e ataques rasteiros para desqualificar as investigações da CPI da Covid, que trouxe à luz escândalos de corrupção na compra de vacinas contra Covid-19. É importante salientar que o crime de corrupção fica configurado com a solicitação de propina, não necessariamente com o recebimento da mesma.

O esfacelamento do falso moralismo do governo ganhou impulso nesta semana com a informação técnica do Ministério da Saúde sobre a ineficácia dos medicamentos do chamado “kit Covid” no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus. A grande questão é que tal informação oficial tornou-se pública após 540 mil brasileiros tombarem diante do SARS-CoV-2. A pasta se manifestou a respeito do tema na esteira de requerimento do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid.

Em meio aos muitos episódios rocambolescos envolvendo a compra de vacinas contra Covid-19, o governo se vê diante de novo e rumoroso escândalo. Ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello negociou com a intermediários, e 11 de março, a compra da Coronavac pelo triplo do preço.

No contrato do governo federal com o Instituto Butantan, que no Brasil fabrica o imunizante da farmacêutica chinesa Sinovac, cada dose de vacina custa US$ 10 por dose. A empresa World Brands, de Santa Catarina, ofereceu a Coronavac a Pazuello por US$ 28 cada dose, ou seja, três vezes o valor cobrado pelo Butantan.

Em vídeo, que está em poder da CPI e foi divulgado pelo jornal “Folha de S.Paulo”, Pazuello aparece ao lado de representantes da World Brands e diz estar negociando a compra de 30 milhões de doses da Coronavac diretamente do governo chinês.

“Nós estamos aqui reunidos no Ministério da Saúde, recebendo comitiva liderada pelo John. Uma comitiva que veio tratar da possibilidade de nós comprarmos 30 milhões de doses, numa compra direta com o governo chinês. E já abre também uma nova possibilidade de termos mais doses e mais laboratórios. Vamos tratar na semana que vem. Mas saímos daqui hoje já com memorando de entendimento assinado e com o compromisso do ministério de celebrar, no mais curto prazo, o contrato”, diz o então ministro no vídeo.

 
Depois de defender a imunidade de rebanho e o tratamento precoce, o presidente da República passou a criticar a Coronavac, valendo-se de afirmações levianas e desprovidas de qualquer embasamento científico.

As críticas infundadas de Bolsonaro à Coronavac se deram por questões ideológicas e pela queda de braços política que o presidente trava com o governador de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB), pré-candidato à Presidência em 2022.

Outro ponto que merece destaque nesse enredo criminoso é que, em 2020, Bolsonaro desautorizou publicamente Eduardo Pazuello, que um dia antes havia fechado com o Butantan contrato para o fornecimento de 46 milhões de doses da Coronavac. Em outubro, diante da dificuldade de adquirir imunizantes no mercado internacional, o governo recuou e fechou contrato com o Butantan.

A partir desse episódio ficou evidente a subserviência de Pazuello, que em vídeo divulgado pela internet justifica a decisão arbitrária de Bolsonaro com a seguinte frase: “É simples assim: um manda e o outro obedece.”

A divulgação do vídeo coloca Eduardo Pazuello em situação de dificuldade, pois em depoimento à CPI da Covid, ao ser questionado se havia participado das tratativas com a farmacêutica Pfizer, o general disse que não tinha autorização para negociar a compra de vacinas.

“Eu sou o dirigente máximo, eu sou o decisor. Eu não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo, não o ministro”, disse Pazuello à CPI.

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