Após mais de um ano de restrições para conter a propagação da Covid-19, a Inglaterra põe fim às últimas medidas nesta segunda-feira (19), em meio a infecções em alta no país. Na véspera do apelidado “Dia da Liberdade”, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu cautela à população.
A decisão do premiê de remover as restrições em prol da economia, prejudicada por uma série de lockdowns impostos desde março de 2020, marca um novo capítulo na resposta global à pandemia de Covid-19. Se as vacinas continuarem se mostrando eficazes contra casos graves e mortes, mesmo que as infecções aumentem, a decisão de Johnson poderia servir de exemplo para outros países em que grande parte da população já foi vacinada.
Contudo, a estratégia é considerada arriscada, em meio a temores de que uma variante capaz de resistir a vacinas possa surgir ou de que, com a disseminação da contagiosa variante delta, os casos voltem a subir de tal maneira que a economia tenha que parar novamente. Diante das preocupações, Johnson pediu que a população adote uma abordagem cuidadosa perante a reabertura.
“Se não fizermos isso agora, nos perguntaremos: quando o faremos?”, disse o premiê numa mensagem em vídeo gravada neste domingo, afirmando que o vírus teria a “vantagem do clima frio” no outono e no inverno.
“Este é o memento certo, mas temos que fazê-lo com cautela. Temos que lembrar que, infelizmente, esse vírus ainda está entre nós. Os casos estão aumentando, podemos ver a infecciosidade extrema da variante delta”, prosseguiu.
Infecções em alta
O Reino Unido tem o sétimo maior número de mortes em decorrência da Covid-19 no mundo, com mais de 128 mil vidas perdidas. A taxa de contágio britânica está atualmente entre as mais altas do mundo, com 665,22 novos casos diários por milhão de habitantes, acima da do Brasil (192,64). Neste domingo, o Reino Unido contabilizou 48.161 novas infecções, enquanto o Brasil registrou 34.126.
A previsão é que em breve o Reino Unido terá mais novos casos por dia do que no auge da segunda onda do vírus no país, no início deste ano.
Ao mesmo tempo, 87% da população adulta britânica já recebeu pelo menos uma dose de vacina contra a Covid-19, e mais de 68% estão completamente vacinados. As mortes registradas por dia estão na casa dos 40, apenas uma fração das 1.800 que o país chegou a registrar em janeiro.
Centenas de milhares em isolamento
Foram extintas, nesta segunda-feira, as exigências de uso de máscara em lojas e outros espaços fechados, assim como limites de ocupação em bares e restaurantes e regras sobre o número máximo de pessoas que podem se reunir. Johnson é responsável pelas restrições na Inglaterra, enquanto os governos da Escócia, do País de Gales e da Irlanda do Norte determinam suas próprias políticas.
Em meio à reabertura da economia, as dezenas de milhares de novas infecções registradas a cada dia vêm forçando centenas de milhares de trabalhadores a se isolarem – ou por terem contraído o vírus ou por terem tido contato próximo com pessoas infectadas. Estabelecimentos tiveram que fechar, e serviços ferroviários foram cancelados devido à falta de pessoal.
A questão respingou no próprio Johnson no último final de semana. O premiê e seu ministro das Finanças, Rishi Sunak, estão em autoisolamento no país, após o ministro da Saúde, Sajid Javid, testar positivo para o novo coronavírus no sábado. O plano inicial para Johnson e Sunak escaparem dos dez dias de quarentena, fazendo testes diários, foi abandonado no domingo, após uma chuva de críticas.
Esse foi último de uma série de episódios que minou a confiança da população na gestão da pandemia pelo governo. Mas o sucesso da campanha de vacinação contou pontos para Johnson.
No entanto, o principal assessor médico do governo alertou que a crise sanitária pode voltar a se agravar rapidamente. O próprio Johnson também ressaltou que há o risco de novas variantes e apelou para que os cidadãos recebam as duas doses da vacina.
“Acima de tudo, por favor, por favor, quando forem solicitados a receber a segunda dose, por favor o façam”, disse o primeiro-ministro. (Com agências internacionais)
Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.