Fundo eleitoral: Bolsonaro e congressistas trocam “cascas de banana”; rebelião de parlamentares é possível

 
A confusão que se formou a partir da aprovação, pelo Congresso, de R$ 5,7 bilhões para o fundo eleitoral, previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2022, já coloca o presidente da República e parlamentares em campos opostos.

Apesar de a proposta do fundo eleitoral ter sido aprovada no Congresso por partidos de todas as correntes, inclusive os que apoiam Jair Bolsonaro e seus próprios filhos (Eduardo e Flávio), a votação da matéria ocorreu depois de acordo entre as lideranças partidárias, que acertaram a não apresentação de emendas, o que impede a identificação daqueles que endossaram esse escárnio.

No último domingo (18), ao deixar o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde foi internado para tratar de obstrução intestinal, Bolsonaro classificou o fundo eleitoral como “casca de banana” dos congressistas.

Na segunda-feira (19), aos apoiadores que se aglomeram no cercadinho montado à saída do Palácio da Alvorada, o presidente disse que vetará o “fundão” em respeito “ao trabalhador e aos contribuintes brasileiros”. Discurso populista, pois o projeto da LDO foi enviado ao Congresso pelo próprio governo. Além disso, Bolsonaro tenta melhorar sua desgastada imagem junto à opinião pública, após fracassar o plano de “martirizacao” a partir da internação hospitalar.

 
Bolsonaro sabe o quanto os partidos políticos aguardam os recursos do fundo eleitoral para garantir campanhas capazes de convencer o eleitorado. Apenas a título de exemplo, o PSL, partido do deputado Eduardo Bolsonaro (SP), receberá perto de R$ 600 milhões do “fundão”. Valor semelhante receberá o PT, que por enquanto tem o ex-presidente Lula como pré-candidato.

Há nesse imbróglio pelo menos duas questões a serem analisadas com mais atenção. A primeira delas é que o presidente prefere deixar o ônus político da manutenção do fundo eleitoral para o Congresso, que tem a prerrogativa de derrubar o veto presidencial. Com isso, Bolsonaro colocaria o problema no colo da classe política.

A segunda questão é que com a aprovação popular em queda contínua e seu projeto de reeleição derretendo dia após dia, Bolsonaro poderá vetar o fundo eleitoral proposto na LDO como forma de comprometer a candidatura de Lula, para quem o presidente perderia a disputa se a eleição presidencial fosse hoje.

O UCHO.INFO é a favor do financiamento público de campanha, desde que em valores não estratosféricos e sem o modelo do “distritão”, que os congressistas querem aprovar a toque de caixa para que valha nas eleições parlamentares do próximo ano.

Entre a declaração de Bolsonaro sobre o vetar o fundo eleitoral e a aprovação pelo Congresso do montante bilionário há a possibilidade de uma rebelião dos congressistas, a começar pelos integrantes do Centrão e outros simpáticos ao governo. Em suma, Bolsonaro terá sérios problemas na relação com o Legislativo se vetar o “fundão”. Ao mesmo tempo, manter o fundo eleitoral no patamar proposto é um acinte.

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