Ameaça de Braga Netto impulsionou protestos contra Bolsonaro em várias cidades brasileiras e no exterior

 
Como afirmou o UCHO.INFO em matéria anterior, a ameaça feita pelo ministro da Defesa, general da reserva Walter Braga Netto, de que sem voto impresso as eleições do próximo ano não aconteceriam, foi um “tiro no pé” do governo, que viu a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o tema ser colocada na fila da degola do Parlamento.

A ameaça torpe de Braga Netto, que fez eco à sandice do presidente da República, serviu para impulsionar os protestos contra o presidente Jair Bolsonaro realizados em todo o País no sábado (24). Em outras palavras, o dolorido “tiro no pé” foi duplo.

Convocados por partidos da oposição, centrais sindicais, movimentos de renovação política e grupos descontentes com o governo, os atos aconteceram em muitas cidades brasileiras, incluindo capitais como Salvador, Belo Horizonte, Recife, Belém, Curitiba, Goiânia, Florianópolis, João Pessoa e Maceió. Em São Paulo e Rio de Janeiro, dezenas de milhares participaram dos protestos, segundo organizadores. Ao todo, estavam agendados atos em quase 500 cidades, incluindo em 17 países além do Brasil. Na Alemanha, protestos ocorreram em Berlim e outras cidades.

Entre as principais pautas dos protestos, tiveram destaque a defesa da democracia, o impeachment de Bolsonaro, o fim da corrupção, vacinas para todos, volta do auxílio emergencial de R$ 600 e geração de empregos de qualidade.

É a quarta vez em dois meses que os brasileiros saem às ruas para grandes protestos nacionais contra o presidente, após os atos de 29 de maio, 19 de junho e 3 de julho, e a primeira após uma pesquisa Datafolha indicar reprovação recorde de Bolsonaro.

A maior concentração ocorreu em São Paulo, onde o protesto chegou a fechar os dois lados da Avenida Paulista ao longo da tarde. Os participantes começaram a se reunir por volta das 14h (hora local) no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e logo todos os quarteirões da avenida estavam tomados. A circulação na via só foi liberada a partir das 18h.

Cartazes pediam o impeachment de Bolsonaro, o fim da devastação da Amazônia e mais vacinas contra a covid-19 para a população. Muitos ainda erguiam bandeiras do Brasil, que costumam ser associadas a apoiadores do presidente.

Suspeitas de corrupção envolvendo o governo federal na compra de imunizantes também foram lembradas. “Bolsonaro priorizou propina em vez da vacina”, destacava um cartaz na Avenida Paulista.

 
Diversos políticos estiveram presentes e discursaram em carros de som durante o ato, incluindo os ex-presidenciáveis Guilherme Boulos (Psol) e Fernando Haddad (PT), que foi também prefeito de São Paulo e ministro da Educação nos governos petistas.

“Hoje nós temos 8 milhões de universitários neste país, de todas as cores e orientações. O Brasil está representado, e temos uma massa crítica que não vai abrir mão da democracia e de seus direitos sociais, civis e políticos, e da sua liberdade”, declarou Haddad.

Boulos, por sua vez, afirmou: “Vai ter eleição em 2022. E mais do que isso. Nós vamos trabalhar para que, antes da eleição, tenha impeachment. Nós vamos trabalhar para que, em 2022, Bolsonaro não esteja na urna.”

Em Brasília, manifestantes fecharam a Esplanada dos Ministérios durante a tarde. O ato começou por volta das 15h no Museu Nacional da República e seguiu caminho até o Congresso Nacional. Além de pedidos de “Fora, Bolsonaro”, os participantes também pressionaram por mais políticas sociais em meio à pandemia, como o aumento do auxílio emergencial.

No Rio de Janeiro, manifestantes saíram às ruas do centro da cidade ainda durante a manhã. A concentração ocorreu na avenida Presidente Vargas, em frente ao monumento a Zumbi dos Palmares, e a marcha seguiu até a praça da Candelária.

Manifestantes erguiam cartazes pedindo também a saída de Bolsonaro, aceleração da campanha de vacinação contra a covid-19 e mais proteção ao meio ambiente e à Amazônia. Presentes aproveitaram ainda para criticar as privatizações de órgãos públicos, como os Correios. Grupos ambientalistas, de defesa dos negros e dos LGBTQs também se uniram ao ato.

O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara, lançou críticas a Bolsonaro em pronunciamento em cima de um carro de som. Além de defender o impeachment do presidente, ele rechaçou o voto impresso, defendido pelo governo federal.

Em Recife, a marcha ocorreu também pela manhã no centro da cidade. Muitos vestindo vermelho e a grande maioria de máscara, os participantes condenaram a gestão da pandemia de covid-19 por parte do governo federal e pressionaram o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a dar andamento ao processo de impeachment de Bolsonaro.

Em Salvador, um número semelhante de participantes de protestos anteriores saiu às ruas, apesar do tempo chuvoso. “Nem bala, nem covid, nem fome”, dizia um cartaz que chamava Bolsonaro de genocida e pedia o impeachment do presidente e do vice Hamilton Mourão.

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.