“Se gritar Centrão… Não fica um, meu irmão”

(*) Gisele Leite
(25.07.2011)

Centrão como conjunto fisiológico do Congresso Nacional, por vezes, mais atrapalha do que colabora. O seu batismo de “Centrão” ocorreu durante a Assembleia Constituinte e, ocupou o comando político ao longo de quase toda história o PMDB, atualmente MDB.

Eis que o Centrão praticamente assumiu o atual governo federal e está comandado pelos partidos progressistas e o PP. Na composição temos: Arthur Lira, atual Presidente da Câmara dos Deputados, Ricardo Barros do governo na Câmara e Ciro Nogueira, recém-nomeado ao cargo de Ministro-Chefe da Casa Civil. Temos então a tríade mais importante da República brasileira.

Ressalte-se que a formação do tal Centrão não seria possível sem a traição do presidente nacional do DEM, Antônio Carlos Magalhães Neto, que rompeu com o anterior Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e entregou o partido a Lira numa aliança de poder.

Doravante, circulam duas legendas, a dos Progressistas (PP, antes era PDS) e os Democratas (DEM, antes PFL) que estão para se unir ao PSL e formarão o maior partido político do Congresso Nacional. Um verdadeiro atentado à saúde da democracia brasileira.

Engana-se quando se acredita que o Centrão é mesmo moderado, ou seja, ocupando, propriamente, o centro ideologicamente falando. Pois é, em verdade, a Arena que tanto dominou o Congresso brasileiro durante a ditadura militar. O que já acenava com a forte presença de generais. Porém, nesse giro, os políticos estão mais no comando do que os generais.

Enfim, Bolsonaro recriou a velha estrutura política equivalente à dos tempos da ditadura militar. Igual, também, na corrupção e fisiologismo. E, agora temos a ameaça grave de que não haverá eleições caso o voto não seja impresso. Depois Braga Netto desdisse tudo… Se bem que o próprio Presidente da República já revelou publicamente o mesmo script.

Mas, foi contundente o atual vice-presidente da República, General Hamilton Mourão, que afirmou que haverá eleição, e ainda questionou sobre quem iria proibir a eleição no Brasil. Afirmando que não somos a República das bananas… O desfecho de tanta falácia resultou em enterrar peremptoriamente a cantilena para haver o tal voto impresso e auditável. Lembrando-se que o voto eletrônico é auditável e seguro.

O Centrão irá promover a derrocada final dos militares dentro do Palácio do Planalto e, ocorrerá a vez de cantar como o General Augusto Heleno certa vez cantou…, todavia, contendo outra semântica.

Não precisávamos de uma forte crise política justamente no momento da pandemia de coronavírus… Mas, como bem diz Leandro Karnal, precisamos ter a coragem da esperança.

Referência

– Uma música, mais precisamente um samba, cantada pelos Originais do Samba (que tinha como um de seus integrantes, o inesquecível Mussum, de autoria de Ari Alves de Souza, o famoso Ary do Cavaco, um famoso compositor da Portela, a música é intitulada “Reunião de Bacana” e contou ainda com a parceria de Bebeto Di São João (conforme o Dicionário Cravo Alvim da Música Popular Brasileira). E, foi gravado pela primeira vez pelo grupo Exporta Samba em 1981.

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

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