Bolsonaro se acovarda, muda o discurso e diz que ataques são contra Barroso, não contra o STF e o TSE

 
Em clara demonstração de desespero diante da queda vertiginosa da popularidade e de um projeto de reeleição que desmorona como passar do tempo, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o voto impresso e a ameaçar com a não realização das eleições de 2022.

Nesta terça-feira (3), após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidir pela investigação para apurar os ataques ao sistema de votação e enviar notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito do inquérito das “fake news”, Bolsonaro mostrou-se covarde ao conversar com os apoiadores que diariamente se aglomeram no “cercadinho” montado à saída do Palácio da Alvorada. Isso porque o Bolsonaro amenizou o grau de beligerância da sua narrativa e alegou que sua cruzada não é contra o TSE e o STF, mas contra o ministro Luís Roberto Barroso, presidente da Corte eleitoral.

“O que eu falo não é um ataque ao TSE ou ao Supremo Tribunal Federal. É uma luta direta com uma pessoa apenas: ministro Luís Barroso, que se arvora como dono da verdade”, disse o chefe do Executivo. “Não aceitarei intimidações. Vou continuar exercendo meu direito de cidadão, de liberdade de expressão, de crítica, de ouvir, e atender, acima de tudo, a vontade popular”, completou.

Bolsonaro é um boquirroto conhecido que usa a verborragia insana e golpista para tentar fazer valer suas vontades. Ciente de que cresce a chance de ser derrotado na corrida presidencial do próximo ano, Bolsonaro ousa intimidar as instituições com discursos irresponsáveis que agitam seus descontrolados e truculentos apoiadores.

 
Sem apresentar provas, o presidente afirmou que Barroso, à frente do TSE, age para beneficiar Lula, por enquanto a principal ameaça à ao seu plano de reeleição. Nós sabemos o quanto o senhor Barroso deve ao senhor Luiz Inácio Lula da Silva”, afirmou.

“Senhor Barroso, sua palavra não vale absolutamente nada. Está a serviço de quem?”, questionou Bolsonaro, aproveitando para ameaçar o ministro com manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, para mandar um “último recado” ao presidente da Corte eleitoral.

“Não é o caso de eu e ele mostrar quem é mais macho. Não é briga de quem é mais macho, mas aqui não abro mão de demonstrar quem respeita ou não a nossa Constituição. A alma da democracia é o voto e o povo tem que ter a certeza absoluta que o voto dele foi para aquela pessoa”, reforçou Bolsonaro, que não vê nos ataques à democracia e ao sistema eleitoral um desrespeito às regras constitucionais.

Em funcionamento desde 1996, as urnas eletrônicas são seguras de até agora não apresentaram qualquer indício de fraude. Na verdade, o que Bolsonaro busca com esses ataques marcados pela delinquência intelectual é criar um cenário de tumulto que permita contestar os resultados das eleições e, ato contínuo, tentar repetir no Brasil a ação criminosa que culminou na invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, movimento incentivado pelo então presidente Donald Trump.

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