Comitê Olímpico Internacional abre investigação formal sobre caso de atleta belarussa

 
O Comitê Olímpico Internacional (COI) abriu uma investigação formal sobre o caso da atleta belarussa Krystsina Tsimanouskaya, anunciou um porta-voz do órgão nesta terça-feira (03/08). A velocista de 24 anos disse ter sido obrigada a suspender sua participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio após ter criticado a federação de atletismo belarussa e seus treinadores, e acusa Belarus de tentar sequestrá-la.

Ela recebeu um visto humanitário da Polônia nesta segunda, após ter se recusado a embarcar num voo de volta a Belarus e buscar refúgio na embaixada polonesa em Tóquio.

No domingo, a atleta disse que foi levada contra sua vontade ao aeroporto internacional de Haneda, na capital do Japão, para retornar a seu país natal. Lá, ela se recusou a embarcar e procurou proteção da polícia japonesa.

O porta-voz do COI, Mark Adams, afirmou no Twitter que os organizadores dos Jogos precisam “estabelecer os fatos completos” e “ouvir todos os envolvidos” no caso.

O COI afirmou que espera receber um relatório da delegação belarussa sobre o ocorrido até o fim do dia. O órgão também contatou o Comitê Olímpico Nacional da Polônia para discutir como dar apoio a Tsimanouskaya no futuro, disse Adams.

O COI falou com a atleta duas vezes na segunda-feira e ela disse se sentir segura, segundo Adams.

O ministro do Exterior japonês, Toshimitsu Motegi, também assegurou nesta terça que Tsimanouskaya está numa “situação segura”. “Nós, em cooperação com partes relevantes, estamos tentando mantê-la em segurança”, afirmou.

CAS impede Tsimanouskaya de competir

O Tribunal de Arbitragem do Esporte (CAS) rejeitou um apelo urgente da atleta belarussa para receber a permissão de correr nas eliminatórias da prova dos 200 metros rasos em Tóquio após ser excluída dos Jogos pelas autoridades de seu país natal. O CAS disse que rejeitou o pedido de Tsimanouskaya pois ela ainda não conseguiu comprovar seu caso.

Tsimanouskaya deveria ter competido no Estádio Olímpico de Tóquio nesta segunda-feira nas eliminatórias, mas acabou sendo suspensa dos Jogos pelo Comitê Olímpico Belarusso, que é comandado por Viktor Lukashenko, filho do presidente do país.

 
A justificativa oficial do comitê apontava para o ”estado emocional e psicológico” de Tsimanouskaya. Yuri Moisevich, treinador principal da equipe de atletismo, disse à televisão estatal belarussa ter sentido “sinais de que algo estava acontecendo com a garota”.

Tsimanouskaya refutou as declarações e garantiu estar em boa saúde e sem problemas psicológicos. Para a atleta, a suspensão e a tentativa de mandá-la de volta para casa foram motivadas por ela ter criticado, em postagem em redes sociais, a federação de atletismo de seu país após ter sido inscrita numa prova de revezamento sem ser avisada.

Em entrevista ao site esportivo belarusso tribuna.com, a velocista afirmou que seu treinador dissera que seu destino estava sendo decidido “não no nível [da federação de atletismo], não no nível do Ministério do Esporte, mas de muito mais alto”.

Na entrevista, Tsimanouskaya disse temer que Belarus “não seja mais segura” para ela, depois de ter recebido menos de uma hora para fazer as malas e ser escoltada até o aeroporto.

EUA e Polônia criticam Belarus

O caso de Tsimanouskaya é o mais recente escândalo internacional envolvendo Belarus, que vem sendo alvo de duras críticas da comunidade internacional por violações de direitos humanos.

No poder desde 1994 e conhecido como último ditador da Europa, o presidente Alexander Lukashenko tem reprimido qualquer forma de dissidência desde que tiveram início os protestos em massa contra ele no ano passado, após uma eleição geral ter sido considerada fraudulenta por nações do Ocidente.

O secretário de estado dos EUA, Anthony Blinken, condenou o que classificou de tentativa de Belarus de “cometer mais um ato de repressão transnacional” ao enviar a atleta para casa.

“Tais ações violam o espírito olímpico, são uma afronta aos direitos fundamentais e não podem ser toleradas”, disse Blinken no Twitter nesta segunda.

A Polônia é um crítico ferrenho do regime de Lukashenko e se tornou lar de um número significativo de dissidentes belarussos. O primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, descreveu o ocorrido como uma “tentativa criminosa de sequestrar uma atleta crítica ao regime belarusso”.

O “ato de agressão por parte dos serviços de segurança belarussos em território japonês” precisa ser respondido com “oposição resoluta por parte da comunidade internacional”, disse Morawiecki no Facebook, acrescentando que os Jogos Olímpicos deveriam ser um símbolo de paz e fair play. (Com Deutsche Welle e agências de notícias)

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