A imagem do Brasil no exterior piorou sobremaneira depois do desfile de blindados militares, ordenado pelo presidente Jair Bolsonaro, que aconteceu na manhã desta terça-feira (10) na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
O evento foi tratado por diversos veículos da imprensa internacional como arroubo autoritário de um governante que, para se manter no poder, tentou intimidar a Legislativo e o Judiciário. O jornal britânico “The Guardian” eu destaque às críticas de opositores à tentativa de Bolsonaro, “ao estilo de uma república de bananas”, de demonstrar força perante os outros Poderes.
“Muitos também consideraram a tanqueciata (desfile de tanques) do presidente – que durou apenas 10 minutos, apresentava uma seleção distintamente limitada de equipamentos militares expelindo fumaça, incluindo um único tanque austríaco, e foi assistida por apenas cerca de 100 apoiadores fiéis de Bolsonaro – como um fiasco. Para aumentar a sensação de absurdo, um legislador pró-Bolsonaro comemorou o desfile no Twitter usando uma imagem de tanques chineses na Praça Tiananmen de Pequim há dois anos para marcar o aniversário da revolução comunista de 1949 de Mao Tsé-tung”, escreveu o jornal britânico.
O francês “Le Monde” destacou que o presidente Jair Bolsonaro, muito antes do desfile militar, vem mobilizando apoiadores para questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas e atacar o sistema eleitoral. O jornal também enfatizou que a narrativa golpista do chefe do Executivo, que ameaçou desrespeitar a Constituição em caso de necessidade, tem avançado na esteira de números desfavoráveis de pesquisas que apontam a vantagem do ex-presidente Lula na corrida presidencial de 2022.
O jornal francês também ressaltou a possibilidade de Bolsonaro repetir no Brasil a invasão do Parlamento norte-americano por insanos apoiadores de Donald Trump, que que não aceitou o resultado da eleição presidencial e incentivou a barbárie.
“No Brasil, agora há temores de um ‘cenário Trump’ de derrota de um presidente populista e cessante, agarrando-se ao poder e mobilizando seus apoiadores nas ruas. Jair Bolsonaro, que sabe que as instituições de Brasília são muito mais frágeis que as de Washington, nada fez aqui para tranquilizar: ‘Se não tivermos o voto no papel em 2022, teremos um problema ainda pior do que nos Estados Unidos. Unidos’, alertou em janeiro de 2021”, publicou o “Le Monde”.
A agência de notícias “Associated Press” também deu ênfase ao fato de Bolsonaro insistir em criar no Brasil um cenário semelhante ao das eleições norte-americanas de 2020, em que o republicano Donald Trump não reconheceu a vitória do democrata Joe Biden.
“A Câmara havia agendado uma votação para terça-feira sobre a reforma constitucional pela qual Bolsonaro fez uma cruzada: exigir recibos impressos das urnas eletrônicas que o presidente alega serem passíveis de fraude. Os críticos alegam que Bolsonaro, que está atrás de rivais nas primeiras pesquisas de opinião, está tentando semear dúvidas entre seus apaixonados apoiadores sobre os resultados das eleições de 2022, preparando o cenário para conflitos potencialmente semelhantes aos gerados pelas alegações de fraude nos Estados Unidos do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump”, noticiou a agência.
A agência de notícias Reuters afirmou que as Forças Armadas brasileiras fizeram “exibição incomum” de equipamentos militares, acompanhada por Bolsonaro, “antes de um provável revés no Congresso por seus planos de alterar o sistema de votação no País”.
“Políticos de todos os matizes chamaram o desfile de tanques da Marinha, veículos blindados e veículos anfíbios de uma forma de intimidação horas antes de os legisladores votarem contra uma emenda constitucional apoiada por Bolsonaro”, ressaltou a agência britânica.
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