Versão “bananeira” de Trump, Bolsonaro volta a atacar o TSE e questiona confiabilidade das eleições

 
Que o presidente Jair Bolsonaro não respeitaria a decisão soberana do plenário da Câmara dos Deputados, que vetou a PEC do voto impresso, todo brasileiro coerente já sabia. A aludida promessa do chefe do Executivo tornou-se pública por intermédio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), um dos líderes do Centrão, bloco parlamentar que integra a base de apoio do governo.

A derrota política imposta pela Câmara, talvez a maior de Bolsonaro desde a sua posse, aconteceu horas depois do patético desfile militar realizado na terça-feira (11), a mando do presidente, na Praça dos Três Poderes. O evento foi interpretado como intimidação aos parlamentares que decidiriam sobre a malfadada PEC.

Nesta quarta-feira (11), em conversa com apoiadores que diariamente se aglomeram no “cercadinho” do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que os deputados que votaram favoravelmente à PEC não confiam no trabalho do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente retomou o discurso golpista e voltou a afirmar que o resultado das eleições de 2022 não será confiável.

“Números redondos: 450 deputados votaram ontem [terça-feira]. Foi dividido, 229 [a favor], 218 [contra], dividido. É sinal que metade não acredita 100% na lisura dos trabalhos do TSE. Não acreditam que o resultado ali no final seja confiável”, disse o presidente. “Hoje em dia sinalizamos uma eleição… não é que está dividida. Uma eleição onde não vai se confiar no resultado das apurações”, emendou.

Demagogo conhecido que flerta com o autoritarismo diuturnamente e idolatra ditadores e torturadores, Jair Bolsonaro não aceita ser contrariado em seus planos políticos, que, gostem ou não seus aduladores, envolvem um “cavalo de pau” na democracia.

 
Se por um lado as recentes pesquisas de intenção de voto mostram o esfacelamento do projeto de reeleição de Bolsonaro, por outro sua dependência em relação ao ex-presidente Lula chega a ser nauseante. Não há um só ataque ao sistema eleitoral feito pelo presidente da República sem que ocorra alguma citação a Lula, mesmo que de forma indireta.

“O que a gente quer – repito aqui – é uma maneira de a gente comprovar que em quem o João ou a Maria votou, o voto foi para aquela pessoa. Não tem explicação o que estão fazendo”, disse Bolsonaro. “Querem na verdade levar, eleger, uma pessoa na fraude. Uma pessoa que há pouco tempo esteve à frente no Executivo e foi uma desgraça o que aconteceu”, completou.

Embalado, como sempre, pela teoria da conspiração, Bolsonaro insiste em afirmar que o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações do petista no âmbito da Operação Lava-Jato para viabilizar seu retorno ao poder, operação que contaria com a aquiescência do TSE. Essa tese absurda aponta na direção de dias difíceis após a corrida presidencial do próximo ano, quando Bolsonaro poderá, como anunciado, não reconhecer o resultado das urnas.

Ignaro confesso em vários assuntos, a começar pela legislação vigente no País, Bolsonaro jamais reconheceria a decisão da Câmara dos Deputados porque precisa manter em marcha constante, até 2022, as sucias de apoiadores, os quais se apoiam sobre as mamparras presidenciais.

As urnas eletrônicas, alvo dos ataques do presidente, são confiáveis e auditáveis, permitindo, inclusive, a impressão do processo eleitoral ao final da votação. Chama a atenção o fato de que tanto o presidente da República quanto os políticos que defendem o voto impresso foram eleitos – em alguns casos diversas vezes – através do sistema eleitoral que está em funcionamento desde 1996 sem qualquer indício de fraude comprovado. Resumindo, Bolsonaro acredita ser a versão bananeira de Donald Trump.


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