CPI da Covid: lobista nega ter presenciado pedido de propina durante jantar em Brasília

 
A CPI da Covid ouviu nesta quinta-feira (26) o empresário José Ricardo Santana, suspeito de participar de ações para fraudar licitações de compra de testes rápidos para Covid-19 pelo Ministério da Saúde no valor de R$ 1 bilhão e de envolvimento em episódios de tentativas de venda de vacina ao órgão — 20 milhões de doses da Covaxin, pela Precisa Medicamentos, e 400 milhões de doses da AstraZeneca, pela Davati Medical Supply.

Protegido por um habeas corpus, Santana negou-se a prestar o compromisso de dizer a verdade. Ex-secretário-executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão ligado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ele deixou o cargo em março de 2020.

Em seguida, foi convidado por Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, para integrar a pasta, onde, segundo o depoente, trabalhou por curto período e sem salário, afirmação contestada pelos senadores.

Santana acompanhou Dias em um jantar no restaurante Vasto, em Brasília, no dia 25 de fevereiro. De acordo com Luiz Paulo Dominghetti, representante da Davati, Dias pediu na ocasião US$ 1 por vacina, em negociação que envolveria 400 milhões de doses. Em depoimento à CPI, Roberto Ferreira Dias negou a acusação.

“Eu não sei qual foi o desfecho da conversa. Sei que foi um encontro, e eles foram embora. Não tenho mais lembranças sobre esse encontro”, relatou Santana. “Eu não presenciei nenhum pedido de vantagem indevida”, acrescentou.

 
Santana investigado

Durante a sessão, o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), anunciou que Santana passou à condição de investigado pela comissão, atitude que, na prática, mostra que há indícios de crime.

Desde 2020 até este ano, José Ricardo Santana esteve 25 vezes no Ministério da Saúde, identificando-se na portaria da pasta como “secretário” da Anvisa, mesmo depois de ter deixado a agência. Em todas as ocasiões, Santana foi ao Departamento de Logística, à época comandado por Roberto Ferreira Dias.

Renan apontou Santana como intermediador da Precisa Medicamentos e acusou o depoente de ter trabalhado para favorecer a empresa em contrato de mais de R$ 1 bilhão na comercialização de testes para Covid-19. O empresário negou ter sido contratado pela Precisa, mas disse conhecer o proprietário da empresa, Francisco Maximiano, e o diretor Danilo Trento.

Após quase seis horas de depoimento, em que Santana se negou a responder a maior parte dos questionamentos, a sessão foi encerrada. (Com agências de notícias)

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