Bolsonaro diz defender a liberdade de expressão, mas pressiona Fiesp em relação a manifesto pela democracia

 
O discurso golpista do presidente Jair Bolsonaro, que tem marcado o cotidiano nacional há quase três anos, pode ficar de fora das manifestações de 7 de setembro a favor do governo. Essa mudança na estratégia tem como objetivo não dificultar ainda mais a situação de Bolsonaro, que trava ameaça a democracia e os Poderes constituídos.

De acordo com o presidente da República, a pauta das manifestações será a liberdade de expressão, direito garantido pela Constituição Federal que, é bom lembrar, não é absoluto. Bolsonaro e seus apoiadores confundem crime com liberdade de expressão e vice-versa. Para quem insiste em afirmar que “joga dentro das quatro linhas da Constituição”, Bolsonaro é a personificação da farsa.

No último final de semana, o presidente deu uma declaração típica de quem é adepto do autoritarismo. Durante culto evangélico, disse Bolsonaro. “Temos um presidente que não deseja nem provoca rupturas, mas tudo tem um limite em nossa vida. Não podemos continuar convivendo com isso”. Ou seja, para Bolsonaro a liberdade de expressão só vale se seus rompantes ditatoriais forem aceitos passivamente.

O presidente retomou os ataques ao sistema eleitoral e projetou três situações para o próprio futuro, caso o resultado das urnas de 2022 lhe seja desfavorável: “Estar preso, ser morto ou a vitória”. Bolsonaro aproveitou a ocasião para dizer mais uma vez que só Deus o tira da cadeira de presidente.

 
Tal afirmação vai contra a liberdade de expressão que o presidente diz defender, pois sob ameaça ele tenta impedir que os brasileiros se manifestem livremente nas urnas. Isso por si só é crime de responsabilidade e precisa ser prontamente avaliado pelo Congresso acional, em especial pela Câmara dos Deputados, onde encontram-se “estacionados” mais d 120 pedidos de impeachment contra Bolsonaro.

Ainda sobre liberdade de expressão, a pressão exercida por Jair Bolsonaro nos bastidores fez a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) recuar em relação a manifesto que seria divulgado na terça-feira (31). O documento, que defende a harmonia e a independência entre os Poderes, foi encampado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), mas seu idealizador, Paulo Skaf, cedeu à pressão do Palácio do Planalto.

Como reação, Bolsonaro obrigou o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a se posicionarem contra o manifesto, ameaçando deixar a Febraban. Pois bem, se Bolsonaro respeita a Constituição e defende a liberdade de expressão, não havia razão para o BB e a Caixa se posicionarem de tal forma.

Desde a campanha presidencial de 2018, o UCHO.INFO vem afirmando que em algum momento Bolsonaro daria um “cavalo de pau” na democracia brasileira. Com a popularidade do presidente derretendo mês a mês nas pesquisas de opinião, o momento está mais próximo do que se imagina. Ou a sociedade dá uma resposta firme e célere em relação ao golpe que se anuncia, ou é melhor se acostumar com a dura realidade de um regime totalitário.

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.