Bolsonaro quis saber quem pagou advogado de Adélio Bispo, mas ignora defesa do motoboy da VTCLog

 
Desde o ataque a faca que sofreu durante a campanha presidencial de 2018, em Juiz de Fora (MG), Jair Bolsonaro e seus descontrolados apoiadores insistem em saber quem custeou a defesa de Adélio Bispo de Oliveira, autor do crime. O presidente vez por outra resgata o tema, sem reconhecer o fato de que Adélio foi considerado inimputável pela Justiça em razão de transtornos psicológicos.

De igual modo, a súcia bolsonarista tenta imputar a partidos de esquerda a responsabilidade pelo crime, sem apresentar qualquer prova ou indício da aludida relação entre Adélio e as legendas no âmbito do crime.

Sabem os leitores do UCHO.INFO da imparcialidade do nosso jornalismo, o que não significa que deixamos de opinar de forma contundente, mas responsável, os fatos que merecem a atenção da opinião pública. Se a Bolsonaro interessava descobrir quem financiou a defesa de seu agressor, deveria interessar também quem está a custear a defesa de Ivanildo Gonçalves da Silva, motoboy que trabalhava na empresa VTCLog e sacou R$ 4,7 milhões em dinheiro em agências bancárias de Brasília.

A defesa de Ivanildo está a cargo de Alan Diniz Guedes de Ornelas, que, por coincidência, trabalhou no escritório do advogado Paulo Emílio Catta Preta, que defende Fabrício Queiroz, acusado de ser o operador do esquema das “rachadinhas” no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, hoje senador, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Catta Preta também atuou na defesa do miliciano Adriano da Nóbrega, um dos fundadores do grupo de matadores de aluguel conhecido como “escritório do crime” e morto no interior da Bahia em fevereiro de 2020.

Há nesse complexo enredo muitos pontos estranhos que precisam ser investigados. Empresa de logística, a VTCLog tem contratos com o Ministério da Saúde para armazenar e distribuir em todo o País medicamentos, insumos e vacinas. Os valores sacados na boca do caixa pelo motoboy eram entregues à VTCLog.

 
O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o motoboy a não prestar depoimento à CPI da Covid. Em apuração preliminar, a CPI identificou por meio de imagens que Ivanildo pagou na boca do caixa ao menos quatro contas pessoais de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde.

É importante destacar que um advogado não deve, por questões éticas, revelar detalhes envolvendo o cliente, mas sabe-se que uma defesa qualificada pode modular a fala do motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva, que certamente tem muito a revelar.

Incomodado com o avanço das investigações da CPI da Covid, Bolsonaro deveria, a exemplo do que fez após o episódio em Juiz de Fora, se apressar em saber quem financia a defesa do ex-motoboy da VTCLog. Lembrem-se que o presidente da República disse que o escândalo de corrupção envolvendo a compra de vacinas contra Covid-19 era “rolo” do líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), um dos líderes do Centrão.

Não por acaso, relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou nesta terça-feira (31) que Barros “é o comandante de um dos maiores esquemas de roubalheira que assaltaram o Ministério da Saúde”.

“Nós estamos avaliando que o deputado Ricardo Barros é o comandante de um dos maiores esquemas de roubalheira que assaltou, entre outros órgãos públicos, o Ministério da Saúde. Isso está tudo evidentemente comprovado. Agora pelo FIB Bank, pela sua relação com o Roberto Ferreira Dias, pela maneira com que eles roubavam, publicavam arquitetura do próprio roubo. Isso é uma coisa inédita na própria história da corrupção”, afirmou Renan.

Se recordar é viver, como prega a sabedoria popular, não custa lembrar que Fernando Collor caiu por causa de um “Fiat Elba” e coube ao caseiro Francenildo Costa desnudar os malfeitos do então ministro Antonio Palocci Filho.

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