Em demonstração de desespero, Bolsonaro retoma fala golpista para impulsionar atos de 7 de setembro

 
Em matéria publicada na edição de segunda-feira (30), o UCHO.INFO afirmou que o desespero diante de situações adversas, como a possibilidade de derrota em 2022, tem obrigado o presidente Jair Bolsonaro a radicalizar seu discurso golpista.

Em sua investida autoritária, situação para a qual temos alertado desde a campanha presidencial de 2018, Bolsonaro tem como última cartada as manifestações agendadas para o próximo dia 7 de setembro, o que exige atenção redobrada por parte dos amantes e defensores da democracia.

Se no último final de semana, durante evento evangélico, o presidente abusou da vitimização ao prever três situações distintas para o próprio futuro – ser preso, morto ou reeleito –, nesta terça-feira (31), em Uberlândia (MG), Bolsonaro modulou o discurso na frequência do golpismo, afirmando que os brasileiros jamais tiveram uma oportunidade como a que terá nos atos de 7 de setembro.

Na cidade do Triângulo Mineiro, Bolsonaro não deu detalhes acerca da mencionada oportunidade, mas pela primeira vez nos últimos tempos seu discurso não trouxe ataques ao Supremo Tribunal federal (STF). Talvez porque o ministro Ricardo Lewandowski, em excelente artigo publicado no jornal “Folha de S.Paulo”, mostrou o caminho da punição caso o chefe do Executivo recorra à ruptura institucional.

“A vida se faz de desafios. Sem desafios a vida não tem graça. As oportunidades aparecem. Nunca outra oportunidade para o povo brasileiro foi tão importante ou será importante quanto esse nosso próximo 7 de setembro”, afirmou Bolsonaro em discurso de improviso.

 
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“Creio que nós vamos mudar os destinos do Brasil e tenho certeza, dentro das quatro linhas da Constituição. Não será levantando uma espada cima e proclamando algumas palavras. No passado, foi assim. Hoje pela complexidade do que está em jogo em nossa nação, será um pouco diferente”, disse o presidente, sem mais uma vez detalhar o que chama de mudança.

Essa fala evasiva de Bolsonaro, que permite múltiplas interpretações, não passa de declaração de alguém fraco politicamente e que para se manter no cargo tenta impulsionar sua insana base de apoiadores.

Quando recorre ao enfadonho “jogar dentro das quatro linhas da Constituição”, o presidente busca vender a ideia de que é um defensor da democracia e do Estado de Direito, o que está a anos-luz da verdade. Bolsonaro é um ser autoritário, adorador de ditadores e torturadores, que tenta colar a própria imagem às Forças Armadas como forma de amedrontar a opinião pública e intimidar os outros dois Poderes.

Como já mencionamos, Jair Bolsonaro já percebeu que se for derrotado nas urnas do próximo ano, algo potencialmente possível, a chance de acabar condenado e preso é enorme. Por isso induz seus apoiadores a interpretar de forma distorcida o conteúdo do artigo 142 da Constituição, no qual a milícia bolsonarista enxerga autorização para intervenção militar.

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