Em mais uma cortina de fumaça oficial, o Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (31) a criação de um programa de capacitação para profissionais de saúde do SUS destinado a identificar pessoas com doenças raras. O objetivo da iniciativa é que os pacientes sejam encaminhados ao serviço especializado tão logo ocorra a identificação da doença.
O anúncio foi feito pelo ministro Marcelo Queiroga (Saúde) e contou com a participação da primeira-dama Michelle Bolsonaro. Durante o evento, em Brasília, foi apresentada a nova mascote do SUS, a “Rarinha”.
Nos últimos meses, as redes sociais foram invadidas por imagens de pessoas recebendo a vacina contra o novo coronavírus e, com o cartão de vacinação em mãos, agradecendo ao SUS. Diferentemente do que imaginam os incautos vacinados, a imunização é um direito de todo cidadão, que dia após dia arca com uma carga tributária escorchante. Em suma, a vacinação não passa de ínfima contrapartida por tudo que o contribuinte paga em termos de impostos e taxas.
Na verdade, o agradecimento é devido aos profissionais do SUS, que normalmente ultrapassam as fronteiras do impossível para atender os brasileiros que não contam com planos privados de saúde. A pandemia de Covid-19 não apenas escancarou a incompetência de um governo autoritário e negacionista que de algum modo necessita “mostrar serviço”, mas colocou na vitrine a falta de estrutura que impera nas unidades de saúde pública em todo o País.
Enquanto o ministro da Saúde lança mão da pirotecnia oficial para distrair a população, hospitais e postos de saúde registram “congestionamento” de pessoas que enfrentam as sequelas da chamada “Covid longa”, que podem durar um ano ou mais, causando inúmeros transtornos na vida de quem foi alcançado pelo vírus SARS-CoV-2.
A afirmação de que pessoas com doenças raras serão direcionadas ao atendimento médico especializado é no mínimo um embuste. Para que o leitor consiga avaliar a tragédia que domina o SUS, um paciente diagnosticado com “Covid longa” que necessita de acompanhamento de um pneumologista, por exemplo, tem de enfrentar fila de espera com quase cem pessoas à frente. Muitas vezes, esse longo período de espera agrava sobremaneira uma doença que continua surpreendendo.
Ao contrário da fanfarronice protagonizada pelo ministro Marcelo Queiroga, no movimentado Hospital São Paulo, localizado na zona sul da capital paulista e administrado pelo governo federal, profissionais de saúde reclamam da falta de insumos básicos, como por exemplo, material para coleta de sangue. Um hospital público em qualquer parte do País não pode enfrentar tal situação, principalmente na maior cidade brasileira.
Para provar que Queiroga se rendeu ao populismo barato do governo, laudos de tomografias realizadas em pacientes com Covid-19 demoram quase dois meses no Hospital São Paulo. Para conseguir o documento, o cidadão precisa ter doses extras de paciência, caso não vá a óbito antes de ter em mãos o que deveria ser entregue em poucos dias.
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