Justiça do RJ quebra sigilos bancário e fiscal de Carlos Bolsonaro em investigação sobre “rachadinhas”

 
O presidente da República tem mais um problema para se preocupar. O mais novo imbróglio envolvendo o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) deve recrudescer o discurso do presidente, que para se manter no cargo tem ameaçado a democracia e atacado o Judiciário, mais precisamente o Supremo Tribunal Federal (STF).

Atendendo a pedido do Ministério Público fluminense, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Carlos Bolsonaro no âmbito da investigação que apura a contratação de funcionários “fantasmas” no gabinete do parlamentar. Outras 26 pessoas e sete empresas também tiveram os sigilos quebrados, entre elas a ex-mulher de Jair Bolsonaro, a advogada Ana Cristina Siqueira Valle.

É importante destacar que a fisiculturista Andréa Siqueira Valle, irmão de Ana Cristina, afirmou em áudio que durante 20 anos foi “funcionária fantasma” no gabinete de Jair Bolsonaro, à época deputado federal. Andréa também afirmou que seu irmão, André, acabou demitido do gabinete de Bolsonaro por não repassar parte do salário de acordo como combinado com o então parlamentar.

Desde o início da investigação, em julho de 2019, pela primeira vez o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) levanta a possibilidade de um esquema de “rachadinhas” no gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores da capital fluminense.

Eleito vereador no Rio de Janeiro pela primeira vez em 2001, o filho “02” do presidente da República está no sexto mandato consecutivo. Ao logo dessas duas décadas, dezenas de pessoas foram nomeadas em seu gabinete.

 
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O mesmo modus operandi foi identificado no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, hoje senador, que por ocasião dos fatos tinha Fabrício Queiroz como responsável pelo recolhimento de parte do salário dos assessores.

O MP-RJ identificou que Carlos Bolsonaro utilizou grandes montantes em dinheiro ao longo dos mandatos como vereador. Os promotores destacaram ao menos três episódios registrados que apontam para essa prática.

Em 2003, Carlos pagou R$ 150 mil em espécie na compra de um apartamento na Tijuca, na Zona Norte carioca. Em 2009, o vereador entregou R$ 15,5 mil, também em espécie, para cobrir prejuízo que teve em operação com ações na Bolsa de Valores. Em 2020, por ocasião da campanha à reeleição, Carlos Bolsonaro declarou ao Tribunal Superior Eleitoral ter R$ 20 mil em espécie guardados em casa.

No pedido de quebra de sigilos, os investigadores destacam a existência de relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que aponta duas operações financeiras suspeitas envolvendo o filho do presidente.

Uma das operações no valor de R$ 1,7 milhão, feita por Rogéria Nantes Bolsonaro, mãe do vereador, entre os anos de 2007 e 2019. O vereador foi citado na comunicação do Coaf por ser sócio de empresa junto com a mãe.

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